Quixote:
_
Sim,
cavaleiro andante, como vossa mercê bem sabe... aquele que...
Viajero
1 ( aproximando-se):
_ Posso lhe
ajudar, senhor alcalde? Saiba, vossa mercê, que já presenciei na
corte a consagração de mais de uma dúzia de cavaleiros.
Posadeiro:
_
Como disse?
Viajante
1:
_ O senhor deve
trazer o livro de cavalaria negra para que comecemos a cerimônia.
Posadeiro:
_ Que diacho de
livro é esse?
Viajante
1:
_
Aquele
que o senhor tem guardado detrás do balcão.
( Pisca o olho)
( Pisca o olho)
Posadeiro:
(falando reservadamente com o viajante 1)
_ O único livro
negro que tenho aqui é o da gente que não paga o que bebe...
(fica
pensativo um instante)
Ah! Comprendo...
vamos nos divertir um pouco com esses dois loucos.
Em
voz alta:
Ahhh claro! Sim... o livro da cavalaria negra... me alcancem o
livro!
O viajante 2 traz o livro enquanto o viajante 1 sussurra ao
ouvido do posadeiro lhe pedindo que faça uma oração fictícia e um
ato consagratório para zombarem de D. Quixote
Posadeiro:
(abrindo o livro que está cheio de pó.... tosse e tosse)
_
Bah! Pelo
visto faz tempo que ninguém paga as contas nesta taberna...
Viajante
1: (Dirigindo-se à jovem que serve aos hóspedes)
_ Tobosa! Traga-me
uma vela!
Tobosa
traz a vela que é entregue ao viajante 2
Quixote:
_
Nesta
sublime e bendita ocasião, senhores, estou pronto para que me
consagrem cavaleiro!
Sancho:
_ Cavaleiro da
Triste Figura!
Quixote:
_
Que
disseste Sancho?
Sancho:
_ Nada... nada
senhor... estava tomando meu vinhozito... prossiga... prossiga...
Quixote:
_ Cuidado Sancho,
que o vinho em demasia não guarda segredos nem cumpre promessas.
Posadeiro:
_
Ajoelhe-se
e me dê sua espada!
(Levantando
a espada sobre a fronte de D. Quixote diz o posadeiro):
_ Eu, grande
alcalde de Castela e Leão e de... de... – e de outros reinos que
agora não recordo - venho nomear-te, sob a proteção do Senhor,
grande cavaleiro andante, protetor da cruz e da fé, e guardião
eterno das relíquias sagradas!
Dizendo
isto lhe golpeia com a espada, nos dois ombros e na cabeça, um pouco
mais forte que o necessário.
Viajante
1:
_ Agora se faz
necessário que uma dama faça a entrega solene da espada a nosso
flamante cavaleiro, flor da cavalaria espanhola.
Tobosa
aproxima-se e entrega a espada a D. Quixote dizendo:
_ Que Deus o torne
venturoso e guie sua mão em todas as batalhas.
Quixote:
_ Como te chamas,
bela e gentil donzela?
Ao
fundo os viajantes preparam uma infusão feita com vinagre,
purgantes, com a qual haverão de fazer passar maus momentos ao recém
sagrado cavaleiro
Tobosa:
_Senhor, eu me
chamo Maria Tobosa.
Quixote:
_
De
agora em diante eu, D. Quixote de La Mancha digo e lhe asseguro que
sereis conhecida como Dona Dulcinéia del Toboso, pois todas minhas
conquistas e façanhas, que não serão poucas, haverão de ser
dedicadas à honra de Vossa mercê.
(Dizendo
isto, faz menção de se levantar, no que é impedido pelo Viajante
1)
Viajante
1:
_ Ainda não,
Senhor Cavaleiro. Falta a última e talvez mais importante parte do
ritual.
(Continua)
(Continua)
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