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sexta-feira, 9 de novembro de 2012




Quixote:
_ Sim, cavaleiro andante, como vossa mercê bem sabe... aquele que...

Viajero 1 ( aproximando-se):
_ Posso lhe ajudar, senhor alcalde? Saiba, vossa mercê, que já presenciei na corte a consagração de mais de uma dúzia de cavaleiros.

Posadeiro:
_ Como disse?

Viajante 1:
_ O senhor deve trazer o livro de cavalaria negra para que comecemos a cerimônia.

Posadeiro:
_ Que diacho de livro é esse?

Viajante 1:
_ Aquele que o senhor tem guardado detrás do balcão.
 ( Pisca o olho)

Posadeiro: (falando reservadamente com o viajante 1)
_ O único livro negro que tenho aqui é o da gente que não paga o que bebe...
(fica pensativo um instante) 
 
Ah! Comprendo... vamos nos divertir um pouco com esses dois loucos.

Em voz alta: Ahhh claro! Sim... o livro da cavalaria negra... me alcancem o livro!

O viajante 2 traz o livro enquanto o viajante 1 sussurra ao ouvido do posadeiro lhe pedindo que faça uma oração fictícia e um ato consagratório para zombarem de D. Quixote

Posadeiro: (abrindo o livro que está cheio de pó.... tosse e tosse)
_ Bah! Pelo visto faz tempo que ninguém paga as contas nesta taberna...
Viajante 1: (Dirigindo-se à jovem que serve aos hóspedes)
_ Tobosa! Traga-me uma vela!

Tobosa traz a vela que é entregue ao viajante 2

Quixote:
_ Nesta sublime e bendita ocasião, senhores, estou pronto para que me consagrem cavaleiro!

Sancho:
_ Cavaleiro da Triste Figura!

Quixote:
_ Que disseste Sancho?

Sancho:
_ Nada... nada senhor... estava tomando meu vinhozito... prossiga... prossiga...

Quixote:
_ Cuidado Sancho, que o vinho em demasia não guarda segredos nem cumpre promessas.

Posadeiro:
_ Ajoelhe-se e me dê sua espada!
(Levantando a espada sobre a fronte de D. Quixote diz o posadeiro):
_ Eu, grande alcalde de Castela e Leão e de... de... – e de outros reinos que agora não recordo - venho nomear-te, sob a proteção do Senhor, grande cavaleiro andante, protetor da cruz e da fé, e guardião eterno das relíquias sagradas!

Dizendo isto lhe golpeia com a espada, nos dois ombros e na cabeça, um pouco mais forte que o necessário.

Viajante 1:
_ Agora se faz necessário que uma dama faça a entrega solene da espada a nosso flamante cavaleiro, flor da cavalaria espanhola.

Tobosa aproxima-se e entrega a espada a D. Quixote dizendo:
_ Que Deus o torne venturoso e guie sua mão em todas as batalhas.

Quixote:
_ Como te chamas, bela e gentil donzela?

Ao fundo os viajantes preparam uma infusão feita com vinagre, purgantes, com a qual haverão de fazer passar maus momentos ao recém sagrado cavaleiro

Tobosa:
_Senhor, eu me chamo Maria Tobosa.

Quixote:
_ De agora em diante eu, D. Quixote de La Mancha digo e lhe asseguro que sereis conhecida como Dona Dulcinéia del Toboso, pois todas minhas conquistas e façanhas, que não serão poucas, haverão de ser dedicadas à honra de Vossa mercê.

(Dizendo isto, faz menção de se levantar, no que é impedido pelo Viajante 1)

Viajante 1:
_ Ainda não, Senhor Cavaleiro. Falta a última e talvez mais importante parte do ritual.

(Continua)

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