Quixote
(colocando a mão acima dos olhos para enxergar melhor):
_ O que vejo,
amigo Sancho? A sorte sorriu para nós. Ali estão trinta ou quarenta
desaforados gigantes com quem penso travar batalha e tirar-lhes a
vida a todos.
Sancho:
_ Mas... mas...
que gigantes, senhor?
Quixote:
_Aqueles que ali
vês, Sancho, com grandes braços que medem até 10 metros.
Sancho:
_ Veja bem, Vossa
mercê, que aquilo que lhe parece ser gigantes são, na verdade,
moinhos de vento e o que neles lhe parece que são braços são aspas
que, ao serem empurradas vento, fazem girar os moinhos.
Quixote:
_ Bem se vê que
ainda não estás versado nesses assuntos de aventuras, meu caro
amigo. Esses são gigantes, sim, e que por obra do mago Malfato, a
teus comuns e incrédulos olhos te parecem moinhos. Somente nós, os
cavaleiros andantes, os vemos como realmente são.
Sancho:
_ Mas Dom Quixote,
são apenas geringonças modernas para moer cereais.
Quixote:
_
Cala-te, Sancho! Se
tens tanto medo afasta-te e põe-te a rezar enquanto eu vou a
enfrentá-los em uma batalha feroz e desigual.
Com
a espada em riste, como se fosse uma lança, prepara-se para a
investida
_
Em guarda, covardes e vis criaturas. Não
fujam! Quem
lhes ataca é apenas um, porém indômito cavaleiro. (Grita
marcialmente):
Por Dulcinéia e por Espanha!
Dom
Quixote arremete contra os moinhos e quando uma das aspas lhe golpeia
cai estrepitosamente. Espada, escudo e ele mesmo se esparramando.
Sancho
vem em seu socorro, desesperado.
Sancho:
_ Valha-me Deus.
Não lhe disse a Vossa Mercê que olhasse bem o que fazia? Que não
eram outra coisa que moinhos de vento?
Quixote(tentando
se refazer):
_ Cala-te, Sancho!
As coisas da guerra estão sujeitas a contínua mudança. Não viste
que foi o próprio mago Malfato quem, na última hora, transformou os
gigantes em moinhos somente para me tirar a gloria de havê-los
vencido?
Sancho:
_ Mas Senhor...
Quixote:
_ Cala-te, Sancho
e me ajuda a levantar! Ainda haverás de aprender que quando uma
porta se fecha, outra se abre ; e que pouco hão de valer todas as
artimanhas de todos os magos deste mundo contra a bondade da minha
espada! Vamos, Sancho...vamos...
Saem
(Música
de fundo)
Final do II ato
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