www.martimcesar.com.br

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Eu escrevo teu nome em neón, pelas ruas escuras do meu coração... Chico Saratt







Por andar semeando versos...
 
Não sabem minhas mãos guardar riquezas
Nem podem te ofertar todo o universo
Só tenho nos meus bolsos uns poemas
Costume antigo de andar semeando versos...

Não levo sob os pés mais do que a estrada
(Me agrada não prender-me muito ao chão!)
Mas posso dar-te o som de uma palavra
Que faz brotar o sol de uma canção...

Rara é a vida... bela flor de um dia...
- Breve instante que logo se vai -
Clara é a vida... mais clara seria
Se a tua partida fosse nunca mais

Não trago o suave aroma de um jasmim
- Não quero parecer o que eu não sou! -
Mas digo para quem quer o meu fim
Que a nossa história, amor, mal começou!

Martim César

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A vida passa tão velozmente... que nem parece passar. Martim César





No outono dos calendários

No outono dos calendários
O menino se torna um velho
Sem entender em que horários
Nasceram rugas no espelho

Os retratos nas gavetas
Relembram velhas histórias
Que vão sumindo na poeira
Dos caminhos da memória

Partem amigos e amores
Deixando atrás o silêncio
Vamos ganhando de ausência
O que perdemos de apreço

No outono dos calendários
Caem as folhas dos dias
Os homens abrem suas asas
Deixando as casas vazias

Seguimos sempre a corrente
De um rio que acaba no mar
Que passa tão velozmente
Que nem parece passar!

O tempo não passa a esmo
E nos cobra ao passar seu preço
A vida que segue em frente
Nos traz a morte do avesso

Quem sabe seja o final
Somente um outro começo???

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Y en nosotros nuestros muertos... pa' que nadie quede atrás. Atahualpa Yupanqui





Poema sobre a saudade

Frágil teia que se rompe sem se ver
Sem que ninguém saiba a hora e o lugar
De repente chega o anoitecer
E a manhã de sol que já não mais virá

Restam fotos de saudade nas paredes
E na rede só o vento a se embalar
Restam ruas sem o ressoar dos passos
E os abraços que não pode mais se dar

Uma voz que se erguia em rebeldia
Se rendeu às armadilhas do silêncio
Um sorriso em que cabia toda a paz
Não é mais do que lembrança de momento
Um olhar que incendiava o sol
É farol que se apagou em nosso tempo

Que fronteira que se cruza num segundo
E nos deixa sempre o mundo mais vazio
Que universo que o verso não alcança
Que distância que só vence quem partiu!

Há um rastro dessa ausência nas canções
E mil razões que não têm como explicar
Há um nome que a saudade sempre lembra
E um poema que ainda espera o seu final!


Martim César