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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Si mi voz muriera en tierra, llevadla al nivel del mar y dejadla en la ribera. Rafael Alberti (poeta español)







Sobre os telhados de Lisboa

Sobre os telhados de Lisboa
Uma canção fala de amor
E eu – pequeno e sonhador –
Cismo que tenho dentro d’alma
Toda a beleza dessa calma
Que a tempestade me levou

Aqui o chão, mais além a imensidão
Aqui o cais, depois a glória ou nunca mais
A vela aberta, a sina incerta, o infindo mar
Enfim o aceno e o derradeiro navegar

Meu coração hoje é como um fado
E nem todo o azul do mar salgado
Me traz a luz dos olhos teus
Mistério de quem sente
- ( o que não sabe ) -
Que todo o oceano cabe
Numa lágrima de adeus

A nave-mestra deixa o cais
Com esse olhar de nunca mais
Que Portugal gravou em mim
Devo partir, içar as velas
Rumar ao porto de outras terras
Singrar o azul do mar sem fim

Navega o amor, o navegante sonhador
Não teme a dor, o Bojador há de cruzar
Porém na flor, a rubra cor se apagará
E o que já foi, tempos depois
..................................................................................nada será!


Martim César

Hay cosas que nos ayudan a vivir... Fito Páez





Anoche

Anoche
A eso de las doce
Tu recuerdo me llegó
Sin avisar

Afuera
Llovía mucho
Pero en mis adentros
Llovía más

Anoche
Se caía el cielo
Y tú sin importarte
Tenías el sol
En tu mirar

Afuera
Lloraba el mundo
Y tú me sonreías
Y decías ‘amor
Ven a bailar’

Anoche...
Afuera...
Yo no soñaba, mi amor
Ven a bailar

Y bailábamos los dos
Como si la vida no existiera
Como si afuera no lloviera
Y de repente, mi amor
Se hizo el sol

Yo no soñaba, mi amor
¡Se hizo el sol!


Martim César

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

!El tiempo... el implacable... el que pasó! Pablo Milanés





Num velho baú sem chave

Na bússola enferrujada
De um navegante sem nave
A vida ficou trancada
Num velho baú sem chave

Há um navio prisioneiro
No porto de uma garrafa
E um relógio onde o tempo
Há muito tempo não passa

Restou somente um fantasma
Que à noite folheia livros
E de manhã se disfarça
Porque tem medo dos vivos

Que às vezes, só, se rebela
E se nega a aceitar o adeus
Prendendo lumes e velas
Sonhando que não morreu

Uma âncora na parede
De um marinheiro sem mar
Parece morrer de sede...
Não encontra ali seu lugar

Um pergaminho entreaberto
Deixa antever-se um poema
Quem saberá o mistério
Da mão que empunhou a pena?

Martim César

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

!Desde tu corazón me dice adiós un niño... y yo... le digo adiós! Pablo Neruda




Yo amo una canción

Yo amo una canción tan alta como el cielo
Una canción como un río en pleno vuelo
Como flor líquida en las manos de una niña

Yo amo una canción como un relámpago
Una canción como pintura de Picasso
Guernica ardiendo en medio de la vida

Una canción de amor al imposible
Una canción jugando a muerte por ser libre
Angel del alma con sus alas de ilusión

Una canción de amor a lo perdido
Una canción como un fusil contra el olvido
Flecha en el aire rumbo a un cuerdo corazón

Yo amo una canción profunda como el mar
Una canción como un león en libertad
Belleza y miedo en la mirada de los hombres

Yo amo una canción como un poema de Neruda
Como un cuadro de mujer, Venus desnuda
Que nombre a todo y a sí misma no se nombre

Martim César

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Somos todos amadores: a vida é tão curta que não dá para mais do que isto. Charles Chaplin





A fortaleza

Era uma fortaleza inexpugnável.
Dizem os que a cercaram e ainda vivem,
Que durante tempos mais eternos que o próprio tempo,
Ela resistiu a todas as investidas.
Dizem, também, que os maiores cérebros da humanidade,
Através dos cálculos e das tecnologias mais avançadas,
Inventaram armas cada vez mais potentes e destrutivas,
E que, mesmo assim, nem canhões, nem mísseis,
Nem bombas infalíveis lançadas com precisão cirúrgica, Alcançaram destruir as suas muralhas defensivas.
Era uma fortaleza realmente inexpugnável,
Até o dia em que um louco que nada entendia de batalhas,
Nem de guerras, nem de cercos, nem de táticas militares,
E muito menos de complicadas estratégias de combate,
Inventou uma estranha arma
que chamou de poesia.
E, por primeira vez - e para sempre -,
Foi possível penetrar no quase inexpugnável
coração dos homens.

Martim César

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Não! Nada de nada...Não! Não lamento nada...pois minha vida, pois minhas alegrias hoje começam com você. (Edith Piaf - Michel Vaucaire/Charles Dumont)




La tarde en que inventamos el amor

La piel morena de tu cuerpo
Tenía el color de los cerros de mi pago
Camino indio... en luz y sombra
Misterio antiguo de un tiempo ya olvidado

Y el amor era un secreto
Que aún estaba en mis ojos ya cansados
Y que yo buscaba – viajero –
Como quien cruza un sendero jamás andado

Te quise así...
Eras el alba y yo una tarde ya sin sol
Te quise así...
Eras la luna y yo un desierto sin color
Y fuiste en mí
El cielo, el río, y el aroma de una flor...
Y fuiste en mí
Esa llama que aún arde
En esa tarde en que inventamos el amor

No hay razón en las razones
Cuando el alma estalla en cantos de chicharra
Las palabras ya no explican
Porque la vida baila al compás de mil guitarras

Otra vida empezó en esa tarde
En que temblando yo te di el primer beso
Y entonces descubrí... ¡lunita mía!
Que la vida,mi amor... ¡la vida es eso!

Diego Müller/Martim César

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Montado no meu cavalo libertava Prometeu, Toureava o Minotauro, era amigo de Teseu, viajava o mundo inteiro nas Estampas Eucalol. Vital Farias


Rosa dos ventos


Em botas de sete léguas
Cruzei os umbrais do tempo
Quixote ante os cataventos
Lutando por Dulcinéia

Ulisses nem sonharia
Os passos dessa Odisséia
Penélope na eterna espera
Não sei se me esperaria

No oceano mais profundo
No frio do mais frio inverno
Morri por fazer-me eterno
Para entender num segundo

Que lá no fundo mais fundo
Não é o saber nem a fé...
Lá onde não dá mais pé
O amor é que move o mundo!

Dos braços do firmamento
Roubei a noite mais bela
Deixei na janela dela
A rubra rosa dos ventos

Netuno, senhor dos mares,
Escravo de uma sereia
Por escutar seus cantares
Preso ficou em sua teia.




Martim César

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Somos uma raça de acanhados homens-pássaros e em nossos vôos intelectuais,elevamo-nos pouco mais alto que as colunas dos jornais diários.Henry Thoreau




Pássaros de luz

Quando a voz se faz raio de sol
Não há nuvem que a possa ocultar,
Vai parindo manhãs no seu passo
Livre pássaro de luz a voar.

É semente que faz da floresta
Essa festa de sons e de paz,
É a gota que encontra no mar
O sentido do seu existir,
É a vida esperando algo mais
Que estar viva à espera do fim.

Pelos tantos romeiros da fé,
Pelos pobres meninos da Sé,
Pelas vilas famintas de pão,
Pelas levas que esperam seu chão,
É preciso buscar essa voz
Tão maior do que a própria razão.

Pelas marcas do tempo no olhar,
Nos espelhos da vida a mostrar
Esse pouco que temos nas mãos
(Frágeis gotas de sonho e ilusão),
É preciso inventar cada estrela
E dar olhos à escuridão.

Cada um é escravo de si,
Desse dom que ganhou sem pedir,
Dessa flor que nasceu sem porquê,
E que não pode morrer sem florir!!!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O universo é como um cofre para o qual existe uma combinação. Mas essa combinação está trancada dentro do cofre. Peter de Vries





Pedra de fogo, riso moleque

Vó na varanda da casa antiga
Contava histórias que ouviu contar
Sempre a certeza que o herói viria
Salvar a moça , bem no final

Luar lá fora, grilos cantando
Vida passando sem avisar
Sol na janela, quem poderia
Dizer que um dia ia terminar?

Pedra de fogo, riso moleque
Lembrança viva neste meu cantar
Sonho moleque de infância pobre
Riqueza é o riso que se pode dar

Lá no remanso lavei meu rosto
Bebi da fonte melhor que há
Cheiro de terra, se é sol e chuva
Casa viúva em algum lugar

Roda do tempo, gira em silêncio
Leva por diante tudo ao passar
Da casa antiga já nada existe
Só ainda resiste no meu olhar

Martim César

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Há dor que mata a pessoa, sem dó nem piedade...porém não há dor que doa como a dor de uma saudade. Patativa do Assaré




Campeiro de Ilusões

As vestes gastas remendadas pelo tempo
De contratempos que herdou como legado
Corpo alquebrado pelos tombos da bebida
Na triste vida de mais um pobre coitado

Pelos botecos onde vive atrás de canha
Ou das baganas que um freguês deixa cair
Desfila causos que campeia na distância
Tempos de estância onde garante foi feliz!

É só mais um pobre campeiro... só mais um
E há tantos outros que deixaram seu lugar
Que descobriram que a cidade é uma ilusão
Mas já não tem nenhum lugar pra onde voltar

Lembra um galpão onde charlava a peonada
Roda sagrada pra quem sorve um chimarrão
Homens sofridos que trabalham o dia inteiro
Tão verdadeiros que jamais negam a mão

Lembra de domas, marcações, pega-de-potros
E que era outro nesse mundo que foi seu
Mas se entristece ao dizer que não entende
Por que um dia, de repente, disse adeus

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O futuro é uma astronave que tentamos pilotar.Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar.Muda nossa vida e depois convida vir ou chorar.Toquinho





Rumos povoeiros

Nas horas largas de sonhos pequenos
A moça sonhava, ao derredor do seu rancho
Em seguir, algum dia, esses rumos povoeiros
Que o luzeiro mostrava sem dizer-lhe quando

O olhar refletido no espelhar da cacimba
Parecia o de estrelas sob um céu sem luar
E a moça esperava, sabendo-se linda
Esse destino que ainda lhe custava chegar

Nas noites compridas de velas acesas
Sua mente buscava, cada vez mais e mais
Essa luz que, um dia, varreria a tristeza
Para não mais a certeza das auroras iguais

Seu silêncio escondia tantos gritos velados
Tantos planos semeados segredados ao vento
Que o seu sonho, ao crescer, fez-se rio represado
Mato seco incendiado lhe queimando por dentro

Quando o tempo, afinal, deparou-lhe a cidade
E esparramou claridade nos seus olhos tão puros
Não pensou que o neon era apenas miragem...
Que por trás dessa imagem havia becos escuros

Onde acabaram os sonhos revelou-se a verdade
Havia tanta maldade por detrás desses muros
Que a moça, por fim, relembrou, com saudade
De quando a cidade era somente o futuro!

Martim César

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uno vuelve siempre a los viejos sitios donde amó la vida, y entonces comprende como están de ausentes las cosas queridas. A.Tejada Gómez




Naquelas manhãs da estância

O sol era um galo vermelho
Que na estância amanhecia
Anunciando no terreiro:
Rompeu-se a barra do dia!

A cerração sobre as casas
Era uma noiva em seu véu
Até que um sol, feito brasa
Rasgava a capa do céu

Quando o lençol das geadas
Cobria o chão com seu manto
Era por que a madrugada
Ficou dormindo nos campos

Se um temporal ameaçava
Com seus trovões nas manhãs
Se vestia toda a várzea
Com o poncho dos tajãs

Às vezes um dia nublado
Mesclando o sol e a chuva
Mostrava que nalgum lado
Se casava uma viúva

Hoje ao cantar ainda lembro
Daquelas manhãs da estância
Felizes dias que o tempo
Deixou no pó das distâncias
Pois foi assim... desse jeito
Que amanheceu minha infância!

Martim César

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Perdido seja para nós o dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós a verdade que não tenha sido acompanhada por uma risada. Nietzsche




Dois rios

Estranho é o rio que me leva
Desde a vertente até a foz
E sabe que a vida é breve
Mas o eterno está em nós

Rebelde é o rio que me embala
Por entre cheias e enchentes
Às vezes, em águas claras
Mas em turvas, quase sempre

Dois rios carrego comigo
Dois destinos diferentes
Um é a alma que eu sigo
O outro, o corpo que o prende
Um é o sonho... é o perigo!
O outro é a dor que me vence.

Dois rios carrego comigo
Dois destinos diferentes
Um é o corpo... o abrigo
O outro é a alma incoerente
Um é do chão, um cativo
O outro quer voar de repente

Dois rios que se unem somente
Quando em suas margens te vejo
E se encontram a foz e a vertente
Em corpo e alma e em desejo
E que chegam ao mar... de repente
Quando enfim naufrago em teu beijo!

Martim César

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quem não compreende um olhar também não compreenderá uma longa explicação.

O caçador de palavras

Igual a tantos nasceu
(Feito qualquer menino!)
Sadio e pobre cresceu
Bom de bola e ruim de tino!

Mas eis que assim de repente
Sem dar aviso ou sinal
Foi ficando diferente
Tal fosse preso de um mal

Um caçador de palavras
Um feiticeiro de rimas
Que sem ter asas voava
E sempre mais, céu acima

Foi se tornando outro Chico
Outro Vinícius... quem sabe?
Com esses dotes de circo
Tal qual moléstia incurável

Um descompasso no som
Uma linha curva nas retas
Que nunca teve outro dom
Foi tão somente poeta

Os pais – coitados – queriam
Um futuro de paz e sustento
‘Pois não se come poesia
E ninguém vive de vento’

Em sua cidade – tão quieta –
Seus pares lhe faziam pouco
‘Esse que dizem poeta
Jamais passou de ser louco!’

E era um simples menino
O caçador de palavras
Que cedo perdeu o tino
E, assim, sem asas... voava!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos, ya no se endulzará junto a ti mi dolor. Pablo Neruda




Laguna del sueño


Hoy me acordé de ti
Cuando una estrella en la laguna
Cayó como una lágrima de rocío
Y comprendí por fin
Que en la noche más oscura
Tú alumbrarás mi alma, amor mío.


Éramos dos niños todavía
Con la vida entera por vivir,
Pero el amor (¡que es flor de un día!)
Jamás ha vuelto a mi jardín.


Ahora que ha pasado el tiempo
Yo vuelvo a buscar en las arenas
Tal vez – de nuestro amor – alguna huella
Pero sé... que sólo en mi recuerdo
tú siempre quedarás!!!

Martim César/Newton Bastos

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Y se me va el corazon y se me va... se me escapa... al lugar donde he nacido y me recuerda la infancia. Pepe Guerra



Regalo del blog:






Camino Del Recuerdo - Martim César Gonçalves; Aluisio Rockembach

Caminaré por esas calles que hace tiempo fueron mías

Y buscaré el sol clarito que alumbraba aquellos días de mi infancia
Pequeña flor que se durmió en el recodo de un jardín


Recordaré los mediodías en la sombra de una higuera

Y aquél abuelo que cuidaba parejeros pa' las pencas de domingo

Lejana voz que se grabó en mi vivir de cunumí


Yo volveré, más temprano que tarde volveré

A reconocerme en la mirada de mi gente

Y en la nostalgia de algún paisano trovador


Yo volveré más temprano que tarde volveré

Y aunque tanto tiempo estuve ausente

Verá mi pueblo que lo llevo en mi canción



Camino Del Recuerdo faz parte do cd Santa Flor; http://www.aluisiorockembach.com/