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terça-feira, 31 de maio de 2011

Pájaros en la cabeza y soñar que aún contaré relámpagos contigo... Ismael Serrano




    (Que trata de como a imprevisível sorte foi desfavorável ao fidalgo Don Quixote de la Mancha, e de como o vencido, porém honrado cavaleiro, não abdicou de seu imensurável amor por sua senhora Dulcinéia)


O cavaleiro derrotado

Talvez o tempo, que tudo envolve em densas brumas
Possa esquecer o que escreveram tantas plumas
E apague a dor de ver-se os sonhos destruídos

Fidalgo errante, ontem vencedor de mil batalhas
Hoje o que resta? Só o descanso ou a mortalha
A inglória sina que é o espólio dos vencidos

Efêmera é a conquista e toda a glória é passageira
Mas a derrota... essa perdura a vida inteira
Ainda que pouco hoje te reste por viver.

Prefiro a morte! - Hás de dizer - Prefiro a morte!
Já que os deuses não te deram melhor sorte
E á tua amada... tu honrarás até morrer.


Martim César

(Penúltimo poema da saga de D. Quijote no Poemarte)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez, vou ficar - com certeza - maluco beleza. Raul Seixas




(Que trata da inusitada e fantástica aventura onde o valente e fiel escudeiro Sancho Pança toma a posse de uma ilha, governando-a magnificamente até que um dilema, não menos fantástico e inusitado, assola a sua mente um tanto limitada)



A ilha de Sancho Pança

Afinal, chegou o dia! Sancho Pança vibra e pensa
No seu descanso merecido, na sua justa recompensa
A sua ilha tão sonhada hoje é mais do que miragem.

Servos, terras e riquezas... eis aqui seu governante
Que é justo por ser sábio e que é sábio por andante
Pois nas agruras do caminho fez a sua aprendizagem.

Porém estranho é o destino e ainda mais a alma humana
E entre a paz da sua guarida e a aventura mais insana
O escudeiro já não sabe qual a sorte preferida...

Há que seguir! Pensa e pondera Sancho Pança...
Há que seguir!Manter acesa a chama da esperança
Pois, afina, não será ela a razão da própria vida?

Martim César

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Parceiros loucos de cara, ciganos loucos de cara, inquietos loucos de cara, Ah, vamos sumir! Vítor Ramil

don quixote



O cavaleiro vitorioso

Os séculos vindouros hão de saber da tua vitória
Pois outra igual jamais houve em toda a história
Nem haverá outra maior que a tua proeza.

Nem os cruzados na guerra santa contra os mouros
Nem os romanos com suas glórias, com seus louros
Fariam frente ao valor da tua destreza.

Os bardos cantarão tua façanha aos quatro ventos
E nos sete mares... nas tabernas... nos conventos...
Serás o tema dos corsários e dos vates.

Qual  a de El Cid, Don Quixote, hoje é a tua fama
Porque provaste a formosura sem igual da tua dama
E ainda perdoaste a quem venceste nesse embate.

Martim  César

quinta-feira, 26 de maio de 2011



(De como toda a Espanha - e quiçá toda a humanidade - houve por bem pedir ao já mui afamado Cavaleiro da Triste Figura que retornasse às suas heróicas aventuras, e assim trouxesse novamente a sua inigualável honra a uma era tão carente dos valores da cavalaria andante)

Pelos caminhos de Espanha

Quando agora te recolhes ao descanso que mereces
E os humildes te reclamam e as donzelas fazem preces
Toda a Espanha se pergunta, de Catalunha a Andaluzia...

Como andar nestes caminhos sem teu braço justiceiro,
Sem tua honra inquebrantável de fidalgo e de guerreiro,
Sem tua bravura que pôs freio à maldade e à tirania?

Memoráveis tempos que haverão de ter sempre renome
Aqueles... em que tão somente a pronúncia do teu nome
Afugentava os feiticeiros e assustava os malfeitores...

Dom Quixote de la Mancha, já imortal se fez tua lenda
Por isso o mundo vem pedir-te que regresses à tua senda
Dai-nos outra vez teu sonho, tua coragem, teus valores...


Martim César


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como mortal que sou, sei que nasci por um dia. Mas, quando sigo à minha vontade a densa multidão de estrelas no seu curso circular, os meus pés deixam de tocar a Terra. Ptolomeu



(Que trata de como o nosso valoroso fidalgo enfrentou uma raça de moinhos, aliás... de gigantes, ou de gigantes disfarçados de moinhos por força de magia; e de como ao sofrer, nesse embate, um pequeno revés, ainda assim não se deu por derrotado)

O fidalgo ante os moinhos


Quem poderia opor-se à insana fúria dos gigantes
Senão o mais bravo de todos os cavaleiros andantes
O mais valente fidalgo que já cruzou estes caminhos?


Que lhe importa se a magia de um malvado feiticeiro
Vom seus ardis, desvirtue o olhar do mundo inteiro
Para que ninguém veja nada mais do que moinhos?


Os séculos que virão hão de lembrar sempre do dia
Em que o heróico cavaleiro, com destreza e galhardia
Enfrentou o mais feroz e mais temível dos gigantes


E se afirmarem que viu-se derrotado em seu intento
Que eram apenas moinhos impulsionados pelo vento
Há de ser pela magia que iludiu também a Cervantes!


Martim César

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu to maluco da idéia, guiando o carro na contramão... saí do palco e fui pra platéia, saí da sala e fui pro porão. Sérgio Sampaio/Luís Melodia




(De como o nosso heróico cavaleiro da Triste Figura se enamorou perdidamente pela mais formosa e altiva musa que já existiu, e de como lhe ofertou todas as suas inúmeras e incomparáveis glórias)



Por amor a Dulcinéia

Nunca houve amor maior... nem mais sincero
Talvez nem mesmo o da Penélope de Homero
Sempre a esperar Ulisses em sua Odisséia

Tampouco Shakespeare, o bardo incomparável
Narrou algum outro mais belo, mais louvável
Que o de Dom Quixote por sua amada Dulcinéia

Talvez nem todas as estrelas que existam no universo
Ou o melhor poeta ao escrever seu melhor verso
Possam expressar esse sentir tão venturoso...

Porque todas as glórias em batalhas desiguais
Porque todas as vitórias e façanhas imortais
Foram por sua senhora... Dulcinéia del Toboso!


Martim César

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dizem que sou louco, por viver assim... mas louco é quem me diz e não é feliz... não é feliz! Mutantes



(De como um camponês sem instrução alguma veio a se tornar o leal e mui valoroso escudeiro do maior e mais famoso cavaleiro andante que o mundo jamais conheceu)

Adágio a Sancho Pança

Por ti, Sancho Pança, foi criada a palavra lealdade
E foi maior e mais real o valor de uma amizade
Que uniu dois seres na mais insólita aventura...

Por ti - que nada foste e, no entanto, tudo eras -
(pois foste a terra que deu razão às vãs quimeras)
É que nasceu a lenda do Cavaleiro da Triste Figura

Eternamente andarás pelos caminhos de Espanha
Junto a Don Quixote, a acompanhá-lo em sua façanha
De sagrar-se dentre todos o maior dos cavaleiros...

Pois desde então, na alegria, na tristeza ou no perigo,
Sempre que alguém quiser saber o que é um amigo
Recordará a Sancho Pança, o mais fiel dos escudeiros.

Martim César

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Quereme así, piantao, piantao, piantao... abrite los amores que vamos a intentar la mágica locura total de revivir... vení, volá, vení... Ferrer/Piazolla




(Que trata de como o nosso ilustre cavaleiro D.Quixote de la Mancha demonstrou, de maneira inequívoca, que a maior loucura é a de não dar asas aos sonhos que todos guardam dentro de si)


                           A realidade de Quixote

          Que sabem os que o vêem tão somente como um louco?
            De aventuras... quase nada!, da história... muito pouco!
            Do mundo só conhecem o cinzento cotidiano...

            Que sabem os que se riem da sua ingênua insensatez?
            Se envelhecem em seus leitos, invejando-lhe a altivez
            E morrem sem viver... que é o destino mais insano.

            Acaso há melhor sina do que ser nobre entre os nobres,
            Humilde entre os humildes, bemfeitor dos pobres,
            Àqueles a quem jamais faltaste, destemido paladino?

            D. Quixote de la Mancha, que em sua heróica epopéia
            Ofertou todas as glórias à sua amada Dulcinéia
            Sem buscar maior riqueza que o seu elmo de Mambrino...


Martim César 
               

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Deliro! E em meu delírio, feito um doido, eu pressinto que hoje me encontro sob as regras de outro plano...




O sonho de Cervantes

Existe, sim! Existirá depois! E já existia antes!
Esses estranho sonho que sonhou Cervantes
E que sempre é o dilema de cada ser humano

Existe, sim! Já existia antes! E existirá depois!
Porque como Cervantes também somos dois
Por vezes Quixote... por vezes Quijano...

Quijano entre seus livros, sonhando a aventura
Quixote em seu cavalo, com lança e armadura
(Que adormeça a realidade, o sonho é mais real)

Quijano envelhecendo em seu comum destino
Quixote, o corpo ereto, a alma de menino
O heróico cavaleiro sempre em luta contra o mal...


Martim Cèsar

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sê o que quiseres, mas procura sê-lo totalmente. Thomas Morus

Quijote Cleber.jpg

Isto aconteceu há mais de 400 anos, mas  é  como  se  acontecesse neste momento. Um  fazendeiro  chamado  Alonso  Quijano,  já  no final da sua vida, de tanto ler e ler romances de cavalaria começou a  enlouquecer,  e  em  seu  delírio  houve  por  bem  se  sagrar  um cavaleiro  andante,  tal  e  qual  aqueles  heróis  das  suas  histórias preferidas.

Bradou, então, aos quatro ventos que o seu  nome  doravante  seria Don Quixote de la Mancha e, embora já velho, agia como se jovem fosse.  E  saiu  pelo  mundo  acompanhado  por  seu  fiel  escudeiro Sancho, enfrentando toda sorte de batalhas... imaginárias ou não.

Eis um velho com alma de menino, para  todo  sempre  cavalgando em nossas mentes.

Eis em Don Quixote o sonho vencendo a realidade em cada um de nós... mas isso não existe. Não existe! Ou será  que  existe?  Existe
ou não existe?

terça-feira, 17 de maio de 2011

A poesia não se explica, se sente. Mario Quintana



Reencontro




Um poema não é uma palavra que se perde no vento...


Fica registrado nas pedras,


Vive, respira,


Tal como um ser pensante


grita que existe.


E muito embora


Por vezes atirado em um livro qualquer


De uma biblioteca qualquer


Soterrado pela poeira do tempo


Em qualquer canto do mundo...






Quando um leitor comum


Enfim o encontra,


O poema


Limpa a poeira do seu paletó,


Olha as horas no seu relógio de bolso,


Pergunta a data,


E diz, como quem não quer nada:


‘Até que enfim... companheiro


Não sei se sabes...


Mas eu estava justamente à tua espera’.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

De uma zona de conforto à outra, há um imenso oceano pelo meio.

O tempo


Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Com seus punhais afiados
Desfaz o fio dos novelos

Prende o lume, tece a rede
Nunca revela o seu jogo
Nos desertos traz a sede
No calor engendra o fogo

Faz ser vã toda a riqueza
Ninguém engana o destino
Só nos deixa uma certeza
A de que um dia partimos

Perecem nos nossos olhos
Palácios, terras e templos...
O homem faz os relógios
Mas jamais domina o tempo!

Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Deixa saudade nos quartos
Apaga o sol em silêncio

Corta o gume, tinge a cor
Bebe da uva o seu vinho
Do amor oferece a flor
Depois nos mostra os espinhos!

Martim César

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas ... Salvador Allende


Os óculos de Allende


Os sapatos que restaram em Auschwitz
são parecidos aos que uso
todos os dias,
Mas não são iguais.

Os óculos de Allende sobre uma mesa
em la Moneda,
são parecidos aos meus,
Mas não são iguais.


A risada de Carlitos mostrando um mundo
de palhaços e crianças,
- não de tiranos e amargurados -
é parecida à minha,
Mas não é igual.


Já o teu sonho pequeno
(quase insignificante, talvez)
de ser feliz - apesar de tudo -
sem infelicidades alheias...


Esse não é parecido ao meu...
é exatamente igual!

 
Martim César

terça-feira, 10 de maio de 2011

Oficina poética

Dia 14 de maio (sábado), estaremos - conjuntamente com o Leonardo Oxley (violino e flautas)e o Silvério Barcellos (violão-solo) em Santa Cruz do Sul -, fazendo um encontro de poesia em que desfilaremos as nossas próprias poesias, mais algumas de poetas como Neruda, Quintana, Lorca, Vinícius, Florbela Espanca, Pessoa, Benedetti e outros feiticeiros de versos...

Contaremos também algumas histórias e 'anédotas' desses referentes...

' Queria falar-te de tudo
Contudo
Tudo o que posso falar-te
Não é tudo
É apenas uma parte.'

Dorme o tempo nos retratos... e desperta nos espelhos.



O calendário


Quando chegamos ao mundo
O tempo não nos importa
É só um distante futuro
Muito além da nossa porta

Na parede, o calendário
(Sem ter pressa) nos espera
Pois sabe o dia e o horário
Em que parte a primavera

Depois o sol sobre as casas
Enfim à estrada convida
Já é hora de abrir as asas
Para a primeira partida

Assim, por livres, corremos
Quase sem tocar o chão
Enquanto o tempo - sereno -
Esmaece a luz do verão

Um dia, sem mais porquê,
Ao diminuir nosso passo
Começamos a entender
Que somos tempo e espaço

E o calendário nos mostra
Que tudo aquilo que fomos
É vida que não tem volta
Tal como folhas no outono

O que adiantou tanta pressa?
Tanto correr contra o tempo?
Se toda a verdade é essa:
Só o que existe é o momento!

Somos peças - nada mais -
De um ciclo que não é eterno
Chama de um brilho fugaz
Que sempre acaba no inverno


Martim César

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma. Johann Goethe



Alquimia

Pela lei dos corpos em movimento
Forças centrífuga e centrípeta
Teu corpo, meu corpo
Exata sincronia

Pela lei da vibração molecular
Dilatação dos líquidos
Meu sangue, teu suor
Alquimia perfeita

Pela lei da gravitação universal
Meteoro no teu mar
Meus olhos, tuas órbitas
Explosão de supernova

Pela lei da relatividade
Espaço-tempo indivisível
Eu em ti, tu em mim
Átimo infinito

Pela lei quântica dos átomos
Indecifrável conceber
Eu contigo, tu comigo
Minha única lei.


Martim César




sexta-feira, 6 de maio de 2011

Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis. René Descartes



Dilema


Para sempre, em duas metades, repartido
Sem saber qual sou eu, dentre essas partes
A racional - feito um discípulo de Descartes
Ou a passional - feito um escravo de cupido?

Seguir a fé, com os seus ritos e estandartes
Sem questionar o porquê de haver nascido
Ou seguir a ciência onde tudo tem sentido
Menos o amor que faz nascer todas as artes?

A eterna dúvida do que sou, guardo comigo
Feito o dilema que consome a minha mente
Ou a resposta que, em vão, busco e persigo

Há dois caminhos a seguir, mas qual eu sigo?
Sou um que pensa e, também, outro que sente
Digo o que sou, mas nunca sou isso que digo!

Martim César

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A ciência ainda não nos provou se a loucura é ou não o mais sublime da inteligência. Edgar Alan Poe


A sombra



(para Horácio Quiroga)




A minha sombra torta singra pelo espaço
Ciente que o que faço nada mais importa
Não há outro mundo por trás dessa porta
Tudo enfim se corta ao findar meu passo

Sabe o caminho - que seguindo - eu traço
Do mortal cansaço que a alma comporta
Que o riso tênue de muito não conforta
Toda essa vida morta, pedaço por pedaço

E o que restou de mim?Um esboço me parece
Um poço sem fundo que um dia foi um rio
Um deserto hostil onde a vida não floresce

Uma chama em agonia derrotada pelo frio
Um velho retrato de um tempo que perece
Um suicida vivo caindo sempre no vazio...

Martim César

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O espaço e o tempo estão interligados. Não podemos olhar avante no espaço sem olhar atrás no tempo. Carl Seagan


No outono dos calendários



No outono dos calendários
O menino se torna um velho
Sem entender em que horários
Nasceram rugas no espelho

Os retratos nas paredes
Relembram velhas histórias
Que vão sumindo na poeira
Dos caminhos da memória

Partem amigos e amores
Deixando atrás o silêncio
Vamos ganhando de ausência
O que perdemos de apreço

No outono dos calendários
Caem as folhas dos dias
Os homens abrem suas asas
Deixando as casas vazias

Seguimos sempre a corrente
De um rio que acaba no mar
Que passa tão velozmente
Que nem parece passar!

O tempo não passa a esmo
E nos cobra ao passar seu preço
A vida que segue em frente
Nos traz a morte do avesso

Quem sabe seja o final
Somente um outro começo???


Martim César

terça-feira, 3 de maio de 2011

O que nos espera atrás da porta, amada minha, dessa casa em escombros que é a vida?


Las alas blancas de un sueño


Una gaviota orillera, blancas alas de pañuelo
Quiso volar más allá de las aguas de su puerto

Tras esas aves de paso que no conocen fronteras
Se fue soñando ser libre, por no prenderse a su tierra

Dejó el calor de su nido por la libertad del cielo
Pagó con penas y olvidos lo que ganó con el vuelo

Después de volar por días vio que sus plumas pesaban...
¡No era una golondrina!... Y tanto mar aún quedaba

Pensó en volver a casa, posar de nuevo en su suelo
Aceptar su dicha de ave que nace y muere en un puerto

Pero su corazón viajero jamás volvería atrás
En su playa estaba su vida, pero no estaba su paz

Más fuerte fue su ilusión de hacer el mundo pequeño
Y para vivir sin saberlo... ¡mejor morir por un sueño!

Martim César

segunda-feira, 2 de maio de 2011

No rastro de algum poema, a minha vida pequena encontra enfim seu sentido... assim eu zombo da morte, que mesmo sendo mais forte, me sabe ainda tão vivo!




Travessia



Eu sei que tu virás, numa noite qualquer
Mudar todos meus rumos, minhas certezas vãs
E eu estarei desperto, sonhando uma mulher
Que tenha em sua pele o aroma das manhãs


E me dirás que sigo igual, embora tão distinto
Fazendo da ilusão o meu caminho mais real
Por fora mais cansado, por dentro mais instinto
Ainda, ingenuamente, buscando o amor total


Eu sei que tu virás... ( pois um dia tu virias! )
Caronte em sua barca a cumprir o seu destino
E eu – pobre poeta – ainda envolto em fantasias


Descobrirei teu rosto, depois rirei, em desatino...
Tão velho me esperavas, indefeso me querias
E encontras mais um louco com alma de menino










Martim César