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segunda-feira, 16 de maio de 2011

De uma zona de conforto à outra, há um imenso oceano pelo meio.

O tempo


Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Com seus punhais afiados
Desfaz o fio dos novelos

Prende o lume, tece a rede
Nunca revela o seu jogo
Nos desertos traz a sede
No calor engendra o fogo

Faz ser vã toda a riqueza
Ninguém engana o destino
Só nos deixa uma certeza
A de que um dia partimos

Perecem nos nossos olhos
Palácios, terras e templos...
O homem faz os relógios
Mas jamais domina o tempo!

Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Deixa saudade nos quartos
Apaga o sol em silêncio

Corta o gume, tinge a cor
Bebe da uva o seu vinho
Do amor oferece a flor
Depois nos mostra os espinhos!

Martim César

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