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terça-feira, 10 de maio de 2011
Dorme o tempo nos retratos... e desperta nos espelhos.
O calendário
Quando chegamos ao mundo
O tempo não nos importa
É só um distante futuro
Muito além da nossa porta
Na parede, o calendário
(Sem ter pressa) nos espera
Pois sabe o dia e o horário
Em que parte a primavera
Depois o sol sobre as casas
Enfim à estrada convida
Já é hora de abrir as asas
Para a primeira partida
Assim, por livres, corremos
Quase sem tocar o chão
Enquanto o tempo - sereno -
Esmaece a luz do verão
Um dia, sem mais porquê,
Ao diminuir nosso passo
Começamos a entender
Que somos tempo e espaço
E o calendário nos mostra
Que tudo aquilo que fomos
É vida que não tem volta
Tal como folhas no outono
O que adiantou tanta pressa?
Tanto correr contra o tempo?
Se toda a verdade é essa:
Só o que existe é o momento!
Somos peças - nada mais -
De um ciclo que não é eterno
Chama de um brilho fugaz
Que sempre acaba no inverno
Martim César
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