www.martimcesar.com.br

terça-feira, 30 de junho de 2015

Temos todo o tempo do mundo... não temos tempo a perder! Renato Russo



A contra luz


A vida é um trem veloz pronto a partir de uma estação
Descem alguns, sobem mais uns e logo, logo já se vão
Já não há tempo para abraços ou conversas demoradas
Quando se vê já está chegando outra vez uma parada

O não viver é somente uma das faces escondidas dessa morte
Que nos conduz, que nos faz frágeis, por saber-se ser tão forte
Que tempo temos, meu amor, para as pessoas que queremos?
Um dia, talvez, vamos chorar a vida, enfim, que não vivemos


Mas, afinal, qual será mesmo a nossa fruta preferida?
Não será a hora de apreciarmos o porquê do seu sabor?
O mundo corre por aí... deixa então que se vá em sua corrida!
A vida é um flash nada mais que quando vemos se apagou.

(Quando vemos, meu amor, já se apagou.)


Vemos a curva dessa estrada e há uma outra curva mais além
Qual a razão de tanta pressa, quem é que ao certo sabe bem?
Mariposas cegas vamos todos, em círculos a voar a contra luz
Nesse girar em torno ao nada que a uma manada nos reduz

Quero a quietude solitária de uma tarde frente ao mar
Quero amigos sem urgências com quem se possa conversar
Gastar a hora junto aos meus, pois essa hora não é perdida
Perder tempo é ganhar... essa é a razão da própria vida.


Martim César

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Assista a música "Se meus sapatos saírem por aí" - Parceria Chico Saratt/Martim César

Se quiserem ver/ouvir uma música diferente:

Confira este vídeo no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=9RWRFH4TvBw&feature=youtu.be


Se meus sapatos saírem por aí
                       
                Meus sapatos se escaparam por aí
                Talvez buscando esses lugares
                Onde um dia eu vivi
                Saíram sem me consultar
                Feito quem vai pra não voltar
                Sem sequer no adeus se despedir 
       
                Mas, meu amor, repare não
                Pois na verdade só estão
                Um tanto mais sentimentais
                Longe de mim ficam assim
                Flor sem jardim, vazios demais
               
                Sapatos têm modos estranhos
                Vários tamanhos, apenas uma condição
                Levarem sempre tanta gente
                De lá pra cá, rumando em frente
                Sem nem saberem aonde vão

                Mas, meu amor, se meus sapatos
                - talvez assim, sem mais porquê -
                Se recordarem dos teus passos
                E chegarem um dia até você

                Não corra não, que só estão
                Gastos de poeira e abandono
                Iguais a um cão que não tem dono
                Feito sapatos... sem ter chão!


terça-feira, 9 de junho de 2015

Náufragos Urbanos - Lançamento do CD - Porto Alegre



Náufragos urbanos

                Nós somos náufragos urbanos
                Somos a parte dessa arte
                Que ficou fora dos planos
                Nós na verdade sempre estamos
                Fora das leis de mercado
                Longe dos padrões mundanos

                              Mas quanto vale a poesia?
                E, afinal, quem pagaria
                Por uma canção urgente...
                Que seja como a juventude
                Quando surge a inquietude
                De um caminho diferente?

                Nós somos náufragos urbanos
                Somos o avesso, o pé esquerdo
                O desespero dos tiranos
                Nós na verdade sempre estamos
                A nadar contra a corrente
                E nem à força nos calamos

                Mas quanto vale a poesia?...        

                Nós somos, sim, o passo errado
                O descompasso, a imprecisão
                A perdição dos bem criados
                Mas mesmo assim, o engraçado
                É que pensamos que ser livre
                Não nos parece ser pecado


                                                                          Martim César