A contra luz
A vida é um trem veloz pronto a partir de uma estação
Descem alguns, sobem mais uns e logo, logo já
se vão
Já não há tempo para abraços ou conversas
demoradas
Quando se vê já está chegando outra vez uma
parada
O não viver é somente uma das faces escondidas dessa morte
Que nos conduz, que nos faz frágeis, por
saber-se ser tão forte
Que tempo temos, meu amor, para as pessoas que
queremos?
Um dia, talvez, vamos chorar a vida, enfim,
que não vivemos
Mas, afinal, qual será mesmo a nossa fruta
preferida?
Não será a hora de apreciarmos o porquê do seu
sabor?
O mundo corre por aí... deixa então que se vá
em sua corrida!
A vida é um flash nada mais que quando vemos
se apagou.
(Quando vemos, meu amor, já se apagou.)
Vemos a curva dessa estrada e há uma outra
curva mais além
Qual a razão de tanta pressa, quem é que ao
certo sabe bem?
Mariposas cegas vamos todos, em círculos a
voar a contra luz
Nesse girar em torno ao nada que a uma manada
nos reduz
Quero a quietude solitária de uma tarde frente
ao mar
Quero amigos sem urgências com quem se possa
conversar
Gastar a hora junto aos meus, pois essa hora
não é perdida
Perder tempo é ganhar... essa é a razão da
própria vida.
Martim César
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