www.martimcesar.com.br

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Todavía cantamos, todavía esperamos.... Víctor Heredia



O velho e seus canários

Existem muitas formas de gritar
Mesmo quando se parece estar calado
Ainda que os jornais sigam mentindo
E não importe a vida de quem vive ao lado

Um dia roubaram daquele velho
De todos os seus relógios os horários
Levaram todos os sóis conhecidos, salvo
O dormido no amarelo de seus canários.

Ninguém sabe quanto lhe dói a dúvida
O peso dessa cruz que ainda suporta
De sempre perguntar pelo de sempre
Batendo sempre nessas mesmas portas

Noite à noite voltava a ler os jornais
Cumprindo, com paciência, seu itinerário
Escolhendo as fotos de velhos generais
Para forrar a gaiola de seus canários

Se cada um aparece ao mundo quando nasce
E no dia em que morre então desaparece
O que, enfim, parece ser um desaparecido
Nome sem corpo, tumba que só tem a prece?

Quanto mais se presume que chegou o fim
Mais seu renascimento costuma ser diário
Pois o contrário da morte não é a vida
E sim essa dúvida da morte ao contrário

Tinha corpo o filho que um dia viu nascer
E que - sem adeus - sumiu do seu olhar
Ninguém nunca se parece a um desaparecido
Alguém que não se foi, mas nunca mais irá voltar.



Mauricio Raupp/Martim César

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Vida minha vem comigo, hoje sou eu que convido a dançarmos esta valsa. Par de doidos



Para o tempo de nós dois

Vim de longe... de outras terras!
E andei muito pra chegar
Tendo a viola por abrigo
Contra o gume dos perigos
Contra os desmandos do mar

Mas depois que vi teus olhos
Pousando em cima dos meus
Perdi a pose e o tino
Troquei de ponta o destino
E encomendei-me pra Deus

Canção de menina moça... me ouça!
Que eu preciso lhe contar
Dessa cantiga que eu fiz
Pra quem só fez mais feliz
Os rumos do meu olhar

Canção de menina moça... me ouça!
Um instante sim, por favor!
Pra dizer nesta cantiga
Que serei por toda a vida
Tão somente o teu cantor!

Vim de longe... e já faz tempo!
Trazendo flores e espinhos
Descobrindo pela estrada
Que é bem mais longa a jornada
Pra quem caminha sozinho.

Por isso... de vez em quando
Quando lembro o que se foi
Agradeço a este mundo
Por viver cada segundo
Deste tempo de nós dois.


Martim César