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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças. Charles Darwin



Um avô chamado Darwin

Naquela manhã de milhões de anos atrás, em pleno coração da África, um distante avô de Charles Darwin comprovou a teoria da evolução das espécies e – o que é muito estranho - antes mesmo dela ter sido criada por seu famoso tataraneto. Ao erguer-se sobre as patas traseiras, provocou alguns efeitos não muito fáceis de analisar. A faculdade de poder olhar para a infinidade do céu tornaria aquele ser diferente das demais espécies pois, a partir de então, daria origem à propensão humana de questionar o universo que o cercava. Isso derivaria na Revolução Francesa, no maio de 68, na revolta camponesa de Emiliano Zapata, na crucificação de Espartacus, na morte da família do último Czar, na primavera árabe e até na minha saída às ruas, em um dia de chuva, para protestar contra o mundo estabilizado. Mas, voltando no tempo, um longo tempo, por sinal, havia muitas perguntas para fazer; e, naquele então, poucas respostas para dar. Algumas explicações tardariam uma infinidade de gerações; outras, talvez, jamais fossem respondidas. Esse pequeno gesto - que seria repetido pelo homem doravante sucessivamente a cada amanhecer - engendrou a mutação que o faria dominar o minúsculo grão de areia que habitava, e que viria, posteriormente, a ser chamado de Terra. Planeta Terra. Esse nome que viria muito depois, pois, naquela era, e em muitas que se sucederam, só se sabia que estávamos sobre o solo e embaixo do céu, e que havia horizontes. E, quando caminhávamos um pouco mais, horizontes após aqueles horizontes. Ao sustentar-se na vertical, esse antes quadrúpede e agora bípede, percebeu a estranha ociosidade dos membros dianteiros. Ou, quem sabe, intuiu mais do que percebeu que as mãos, que eram há pouco patas, estavam soltas no ar. Quando chegou o meio dia, sol a pino, esse ancestral avô utilizou aquela nova condição para começar a fabricação dos seus primeiros instrumentos. O seu cérebro, agora provocado, desafiado, obrigado a dar função para as mãos, independentemente da sua vontade, começou a crescer. Quando a tarde já estava se aproximando do final, e a sempre perigosa escuridão se acercava, aprendeu a dominar o fogo – não sem antes muito esforço, posto que fósforos, isqueiros, maçaricos ou quaisquer aparatos do gênero não existiam, logicamente. Com ele, iluminado e aquecido, cruzou a noite. Os lobos foram se aproximando, e não foi em um piscar de olhos que se domesticaram, mas foram se amansando, sim. E hoje estão nas nossas casas e não nos parecem tão ferozes. Alguns, claro, pois existem os hottweilers. Depois veio o dia e depois outro dia. E outro dia depois do outro. Infinitamente. Enquanto isso, esse ser bípede, foi aperfeiçoando seus instrumentos. Uma estranha necessidade de deixar um rastro para o futuro também foi afastando-o dos demais seres. Pintou nas cavernas. Afinal, que utilidade aquilo teria? Mas não havia que perguntar sobre isso, pois ninguém lhe responderia. Havia que pintar, deixar rastros. Alguns esculpiram na pedra, alguns moldaram o barro. Dessa forma inventou a arte, que, logicamente, não existia com esse nome e, portanto, não  era passível de cobrança de direitos autorais. O homem, já um tanto orgulhosos de si e, buscando a necessária sobrevivência da espécie, habituou-se a ensinar o que aprendera aos seus descendentes e, com isso, engendrou a cultura. Primeiro com os gestos, depois com a palavra que, a bem da verdade eram grunhidos que foram se modelando às bocas, e as bocas, ainda toscas, acostumadas mais a comer que a falar, acostumaram-se, aos poucos, aos novos sons. Mais adiante inventou a escrita, que derivou das pinturas e da necessidade de perenizar as experiências anteriores. Depois nasceu outro dia e, embora fosse igual aos dias que o antecederam, ele - o homem - já não era o mesmo. Carregava consigo a bagagem de conhecimentos adquiridos em sucessivas gerações. E assim o avô chegou ao neto, e os milhões de anos que os separavam não foram mais do que os segundos que se leva ao lermos algumas palavras, talvez tolas como estas, em uma folha de papel. Vidas humanas cruzando como em uma corrida de revezamento. Os que chegaram antes: ensinando; os que vieram depois: aprendendo. O avô tornou-se o neto e o neto tornou-se o avô. Que é o avô de outro neto; e assim sucessivamente até chegar aqui. Neste exato instante que agora, caro leitor, colega de planeta e de espécie, já passou.

Martim César


quinta-feira, 27 de junho de 2013

La Poesía es un instrumento, entre otros, para transformar el mundo. Gabriel Celaya

O “Journal du Dimanche” de Paris de domingo trazia uma entrevista com Daniel Cohn-Bendit, um dos lideres da sublevação popular que quase derrubou o governo francês em maio de 1968 e que continua atuando, como ativista e analista político, com o nome que conquistou naquela primavera. Não é mais o irreverente Dani Vermelho de 45 anos atrás, mas ainda é o remanescente mais notório daquela geração que fez o então presidente de Gaulle pensar em largar tudo e se mandar. Só mais tarde ficou-se sabendo como o velho general chegara mesmo perto de renunciar. De Gaulle não era a única causa da revolta que começou com os estudantes e empolgou Paris, mas era um símbolo de tudo que os revoltosos não queriam mais. Se maio de 68 não sabia definir bem seus objetivos, pelo menos tinha um ícone vivo contra o qual concentrar seu fogo. Um conveniente símbolo com dois metros de altura, um nariz dominador e a empáfia correspondente.
A chamada de capa para a entrevista de Cohn-Bendit era “Um perfume de Maio de 68” e a matéria fazia uma comparação mais ou menos óbvia do que acontece no Brasil com o que acontece na Turquia e o que aconteceu nas recentes “primaveras” árabes e em 68 em Paris. Óbvia e inexata. Nos países árabes a rua derrubou ditadores, na Turquia a revolta é, em parte, contra um governo autocrático e inclui, como complicadora, a luta antiga pela hegemonia religiosa. E, diferente do maio de Paris, a combustão instantânea no Brasil ainda não produziu seus Cohn-Bendits nem tem um De Gaulle conveniente como um símbolo que resuma o que se é contra. Ser contra tudo que está errado despersonaliza o protesto. Qual é a cara de tudo que está errado? No Brasil tanta coisa está errada há tanto tempo que qualquer figura, atual ou histórica, serve como símbolo da nossa desarrumação intolerável, na falta de um de Gaulle. Renan Calheiros ou Pedro Álvares Cabral.
Na sua entrevista, forçando um pouco a cronologia, Cohn-Bendit diz que 68 foi o preâmbulo de 81, quando a esquerda chegou ao poder na França. Junho de 2013 será o preâmbulo de exatamente o quê, no Brasil? Aqui a esquerda, ou algo que se define como tal, já está no poder. O que vem agora? O Marx tem uma frase: se uma nação inteira pudesse sentir vergonha, seria como um leão preparando seu bote. Uma nação envergonhada dos seus políticos e das suas mazelas está inteira nas ruas. Resta saber para que lado será o bote desse leão.
Tempos interessantes, tempos interessantes.

Luis Fernando Verissimo, escritor

terça-feira, 25 de junho de 2013

Biblioteca Pública Pelotense - hoje - poesia


19: 30 Sarau poético na Biblioteca Pública Pelotense às 19:30

Abertura - Enilton Grill 

Parte musical: Paulo Timm

Parte poética:  Martim César



Poesia como el pán de cada día...  (Gabriel Celaya)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O grande irmão está observando vocês. George Orwell (livro 1984)

Artigo 220 do Constituição da Republica Federativa do Brasil 1988

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.


O circo dos plebeus

Um astro de neon
Propaga a verdade do seu deus
O circo de cristal
Engana a fome insana dos plebeus
A vida é virtual
A realidade há muito se perdeu
Só resta o carnaval
Ou a guerra solitária dos ateus

Trópicos do sul
A terra da beleza e do prazer
Favelas tão perto do mar
É só questão de olhar e não se ver

Olhos na tevê
Procura-se o povo do Brasil
Pergunto e a vida onde é que está?
Será que ela passou e ninguém viu?

Tão simples ver o céu
Não fosse a nuvem densa do poder
Porém brilhante é a ilusão
Pensar é um perigo, pode crer
Melhor seguir assim
Na tela há um final sempre feliz
Lá fora a vida é dura, irmão
Há fome pelas ruas do país.




Martim César

“…tengo los labios demasiado recios, pero los sueños muy dulces…” Silvio Rodrigues


Ameríndia



Quando eles vieram tão pouco possuíam
Porém se diziam donos desta terra
Trouxeram a guerra e doenças estranhas
Relegando um povo à dor e à miséria

Roubaram das matas a verde alegria
Quebrando a harmonia milenar deste chão
Despertaram a erosão que devora a planura
E inventaram na América a palavra extinção

Banharam de sangue os rios, antes puros
Levantando seus muros, cidades, prisões
Mataram milhões evocando a um Deus
Condenando uma raça a não ter mais futuro


Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?


Quando eles vieram com seus armamentos
Já não houve mais tempo para a ingenuidade
Sobrou só a falsidade na jura dos reis
E na (in) justiça das leis só desigualdade

Hoje as tintas de guerra já não pintam guerreiros
Mas tão só prisioneiros que em reservas mal vistas
Margeiam autopistas vendendo lembranças
Adornos e enfeites para o lar dos turistas

Já não mais se escuta nas florestas e campos
A pureza dos cantos de mil tribos libertas
Mas talvez ainda ecoe nos acordes do vento
O terrível lamento de uma terra deserta!

Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?




Martim César

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Maldigo la poesía concebida como un lujo cultural por los neutrales. Gabriel Celay


La caída de Allende

Golpe militar en Chile

Por Luis Ignacio López (fragmentos)
periodista

El 11 de septiembre de 1973, tres años y siete días después del triunfo electoral de la Unidad Popular, el presidente chileno Salvador Allende, sitiado en el Palacio de La Moneda por los carros de combate del Ejército sublevado, recibía un ultimátum para abandonar el poder. "Defenderé con mi vida la autoridad que el pueblo me entregó", respondió el presidente, y pocas horas después su cadáver yacía envuelto en una bandera chilena entre las ruinas de La Moneda. Con su derrocamiento y muerte culminaba una conspiración fraguada el mismo día de su triunfo electoral y se iniciaba una feroz represión que constaría la vida a miles de chilenos.


http://www.youtube.com/watch?v=bKnEaCweikg

(Com Paco Ibañez)


http://www.youtube.com/watch?v=AYGvhSKDINU

(Com Joan Manoel Serrat)

La marcha de las cacerolas

Durante los últimos meses de 1971 y todo el año de 1972 pudo apreciarse lo que cabría llamar la "vía chilena de la sedición", en oposición a la "vía chilena al socialismo" elaborada por Salvador Allende y la Unidad Popular. En el tablero podían distinguirse varias áreas de jugadas de un ajedrez múltiple que abarcaba desde los poderes del Estado hasta los medios de comunicación, el amplio e incontrolable campo de la actividad económica, las Fuerzas Armadas, el terrorismo y los frentes de masas.
El alcance del nuevo clima pudo advertirse el 2 de diciembre de 1971. Durante semanas, la oposición, ya unida en torno a la única consigna de atacar al Gobierno, había lanzado a través de los medios de comunicación que controlaba -superiores en distribución a los del Gobierno- consignas de agitación contra un nuevo problema que había comenzado a suscitarse sin que el Gobierno hubiera tomado alguna medida al respecto. La cuestión tenía relación con el abastecimiento de bienes de consumo. Misteriosamente habían comenzado a escasear productos como el azúcar, los fósforos, el papel higiénico, el aceite y otros no fundamentales pero singularmente incómodos para la vida cotidiana. En esa fecha no había motivo económico alguno para explicar tan misteriosa escasez. Los grandes centros de distribución estaban controlados por sectores de la burguesía comercial, claramente adscritos al Partido Nacional, y en absoluto amenazados, ni por el programa de la UP, ni por la política económica que aplicaba el Gobierno, dirigida exclusivamente contra grandes monopolios industriales.
El abastecimiento fue sin embargo el estandarte que aprovechó la oposición para organizar una espectacular marcha de "cacerolas vacías". El 2 de diciembre, mientras permanecía en el país Fidel Castro, en una larga visita al Chile de Allende, miles de mujeres del barrio alto de Santiago marcharon desde sus chalets hacia el centro de la capital, con cacerolas y banderas chilenas y escoltadas por jóvenes militantes de Patria y Libertad, provistos de camisas azules, cascos, cadenas y armas ligeras. La manifestación culminó en un enfrentamiento abierto con fuerzas de orden público, sin muertos ni heridos graves como sucedía a menudo en gobiernos anteriores. Pero el tornillo de la oposición apretó aún más. Días después, y por vez primera, la democracia cristiana accedió a apoyar una acusación constitucional contra un ministro, táctica que había empleado sin éxito y desde enero de 1971 el Partido Nacional. La víctima elegida fue el titular del Interior, José Tohá, hombre dialogante y moderado que no suscitaba odios en ningún sector y que tampoco había dedicado a la política sus intereses personales. Su brillante defensa de hombre de letras, más que de luchas políticas, no sirvió de nada en el Congreso. Tohá fue destituido de su cargo y, mediante un desafiante enroque del presidente Allende, trasladado a la cartera de Defensa. Después del golpe de 1973 fue una víctima del sadismo militar y murió ahorcado, en el hospital castrense de Santiago, tras varios meses de prisión. La versión militar fue "suicidio".

La huelga de los camiones.

Después de varias semanas de presiones y manifestaciones de violencia, el aparato subversivo de la burguesía chilena se dispuso en el mes de octubre de 1972 a librar una batalla decisiva. El día 6 de octubre, el presidente del Senado, Patricio Aylwin, en nombre de la institución y de su partido, el Demócrata Cristiano, proclamaba que "Allende ha violado todos los compromisos contraídos", al mismo tiempo que la Cámara Alta calificaba al Gobierno como "fuera de la ley".

El ambiente estaba suficientemente caldeado en las calles con una larga huelga de los estudiantes secundarios controlados por la democracia cristiana y con las consignas subversivas lanzadas desde las emisoras de radio y la prensa, mayoritariamente en manos de la derecha, que predicaban la "desobediencia civil". Cada noche sonaban cacerolas en los barrios altos de Santiago, santuario de la alta y media burguesía, mientras se sucedían las provocaciones a las Fuerzas Armadas, invitándolas a intervenir contra el Gobierno.
La situación económica se había deteriorado entretanto hasta extremos insostenibles para el funcionamiento del país. Desde hacía varios meses desaparecían de los mercados y almacenes diversas mercaderías básicas que reaparecían en puestos clandestinos de venta a precios donde se centuplicaba su valor oficial. Las Juntas de Abastecimiento (JAP) promovidas por el Gobierno no lograban resolver el problema; la distribución, como la mayor parte de la producción, continuaba, pese a las intervenciones de industrias, en manos de propietarios que actuaban abiertamente en el dispositivo sedicioso de la oposición. Desde el exterior, los bancos norteamericanos bloqueaban créditos indispensables para la compra de recambios y ello acentuaba la parálisis productiva, el mismo tiempo que la especulación del mercado negro disparaba la inflación.
El 8 de octubre, un tribunal de París decretaba el embargo de una carga de cobre chileno, en virtud del proceso iniciado por la compañía Kennecott contra el Gobierno de Chile por la nacionalización de sus yacimientos cupríferos. Dos días después, la red de gremios patronales, estructurada desde marzo de 1972, ordenó un paro total e indefinido del transporte y del comercio. El país quedó paralizado.
La huelga de camioneros, financiada desde Estados Unidos, duró hasta fines de octubre y provocó pérdidas de alrededor de un millón de dólares. La respuesta del Gobierno y de los partidos de izquierda se apoyó en una movilización masiva de sus bases para mantener, dentro de lo posible, el abastecimiento mínimo en las ciudades. Gran parte de las provincias fueron declaradas en estado de emergencia y puestas bajo control de las autoridades militares, que intervenían por primera vez en el proceso, paradójicamente a favor del régimen constitucional.
La huelga no logró derrumbar al Gobierno de Allende y robusteció en cambio la capacidad de acción de los partidos de izquierda, que reforzaron sus dispositivos de seguridad y sus precarios aparatos paramilitares. Un número importante de industrias fueron ocupadas por sus trabajadores de forma espontánea y éstos organizaron "cordones industriales" en las barriadas obreras, dando así origen a nuevos organismos de masas no previstos en el esquema inicial del programa de la Unidad Popular.
A fines de octubre, la oposición advirtió que había llegado hasta el techo de sus posibilidades en esa brutal prueba de fuerza y abrió, una vez más, la posibilidad del diálogo a través de los sectores más moderados y democráticos de la DC. Allende puso punto final a la crisis con una medida audaz. El 2 de noviembre, nombró ministro del Interior al comandante en jefe del Ejército, el general Carlos Prats, un militar decididamente institucional que se comprometía a "asegurar la paz social del país y garantizar las elecciones que debían celebrarse en marzo de 1973 para renovar a los miembros del Congreso.

http://www.youtube.com/watch?v=g1QJ-y_xUmk


(Último discurso de Salvador Allende)

El golpe de Estado

Los acontecimientos se precipitaron en las semanas siguientes. Nuevamente los "gremios" controlados por la derecha y asistidos militarmente por las "centurias" armadas de Patria y Libertad decretaron una huelga. Los trabajadores de la mina de El Teniente mantenían a su vez una larga huelga que había polarizado la actividad de masas de la oposición, en combinación con las federaciones estudiantiles controladas por la DC o el Partido Nacional. Las calles de la capital se convirtieron en escenario cotidiano de enfrentamientos entre Patria y Libertad, MIR y la Policía, al mismo tiempo que la organización de Pablo Rodríguez realizaba atentados contra instalaciones eléctricas que dejaron a oscuras a varias ciudades.
La decantación del Ejército ya era visible desde los primeros días de agosto. En Punta Arenas, primero, y luego en Santiago y Concepción, los jefes militares de plaza ponían en vigor una ley de control de armas que solo fue efectiva para incautar los arsenales de los partidos de izquierda y de los sindicatos. Los sondeos que hacía discretamente el Gobierno revelaban ya que el número de generales leales al régimen estaba en minoría. Carlos Prats, comandante en jefe y cabeza visible del sector institucional, se convirtió en el blanco de ataques públicos de la oposición. Finalmente, una marcha de esposas de oficiales, que desfilaron ante su casa insultándole y pidiendo su dimisión, le obligó, el 23 de agosto, a dejar su cargo y pasar a retiro. El último obstáculo para el golpe había desaparecido. A la izquierda, desangrada en sus propias luchas intestinas, sólo le quedaba esperar el desenlace.
Éste llegó la madrugada del 11 de septiembre. Tropas de Infantería de Marina, que realizaban maniobras con las naves norteamericanas del proyecto UNITAS, ocuparon a primeras horas el puerto de Valparaíso. Al mismo tiempo, a las 4 de la madrugada, un regimiento de infantería se dirigía hacia la capital desde la vecina ciudad de los Andes, mientras un comando detenía en su domicilio al general Prats, ya retirado, pero aún con influencia suficiente en las Fuerzas Armadas. A las siete, el presidente Allende recibía información en su residencia de la calle Tomás Moro y una hora después salía con su escolta hacia el Palacio de La Moneda. A las ocho de la mañana, la casa de Gobierno estaba ya rodeada de tanques y se escucharon los primeros disparos. A través de la radio, los tres comandantes en jefe de Ejército, Marina y Aviación anunciaban que el Gobierno legal había sido derrocado.
A esa hora, las escasas fuerzas leales al Gobierno habían sido neutralizadas en los propios cuarteles; el presidente sólo disponía de su escolta y algunos miembros de la policía civil. A través de las emisoras que aún permanecían en manos de la izquierda leyó su último y dramático mensaje, anunciando inequívocamente que "no saldré de La Moneda, no renunciaré a mi cargo y defenderé con mi vida la autoridad que el pueblo me entregó".
Los generales conjurados replicaron con un ultimátum, mientras aviones Hawker-Hunter de la Fuerza Aérea realizaban amenazadores vuelos rasantes sobre el palacio. Por las ventanas del edificio, los jóvenes de la escolta presidencial asomaron las bocas de sus metralletas y de dos ametralladoras punto cincuenta. Los tanques ya habían disparado sobre la enorme puerta colonial del palacio y se sucedían las ráfagas de fusiles automáticos.
A las 11 y 3 minutos de la mañana, comenzó el bombardeo aéreo. En esos momentos, los golpistas controlaban todas las ciudades del país y se registraban sólo combates esporádicos en los "cordones industriales" de la capital y en puntos dispersos. La izquierda no disponía de hecho de ninguna fuerza armada suficiente para enfrentarse a un ejército profesional.
A las trece horas, las paredes de La Moneda humeaban a través de los agujeros provocados por los cohetes de la Fuerza Aérea y los proyectiles de los tanques Sherman. Allende, protegido con un casco y armado con un fusil Kalachnikov que le había regalado Fidel Castro durante su visita a Chile en 1971, recorría el palacio en busca de municiones y armas y organizaba una defensa desesperada. Su asesor de prensa, Augusto Olivares, herido por una bala, había muerto debido a un segundo impacto. Sólo quedaban vivos algunos jóvenes de la escolta que fueron testigos del último combate del "compañero presidente".
Allende cayó herido mortalmente a las 14.15 horas. Quince minutos después, las tropas asaltantes encontraron su cuerpo en un sofá de su despacho, envuelto en la bandera chilena. A su lado estaba el fusil con que defendió hasta el último minuto el cargo que "el pueblo me ha dado".
http://www.youtube.com/watch?v=g1QJ-y_xUmk
 

Há que ter muito cuidado, que a mão boa não falte, que a estiagem não mate a colheita do pão...


Postado em: 26 mar 2013 às 20:33

A história inabalável: Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar

Leia a seguir, na íntegra, o posicionamento histórico e irreparável do jornal da família Marinho durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.
Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril de 1964
“Ressurge a Democracia”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
editorial globo golpe militar 1964
Capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar. (Reprodução)
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.

Leia também

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”
Pragmatismo Politico, com Acerto de Contas





quinta-feira, 20 de junho de 2013

Não há sujeito neutro, somos forçosamente adversários de alguém. Michel Foucault.



Fragilidade 

(Para Rigoberta Menchú) 

Uma mulher lutando contra um império. 
Uma mulher detentora da força de todo um povo. 
Uma mulher índia. Latinoamericanamente índia. 
Uma mulher gritando a vida dos seus mortos. 
Eles aniquilados, torturados, desaparecidos, 
(nela ressuscitados, renascidos, redivivos). 
Eles, aos milhares, às centenas de milhares, 
fuzilados, trucidados, engolidos pela terra. 
Eles, agora envoltos pela mesma mortalha 
feita da terra a que pertenciam 
e que a eles pertencia. 
Eles reerguendo-se, levantando-se, renovando-se 
na eternidade cíclica da árvore e da semente. 


Uma mulher somente, e que é muitas mulheres. 
Uma mulher apenas, e que é todas as mulheres. 
Rompendo casulos, levantando véus, saindo da casca, 
descobrindo-se livre por si mesma, 
sem liberdades oferecidas ou alforriadas. 
Uma mulher liberta e não libertada. 


Índia, branca, mestiça, negra, o que importa? 
Uma mulher feito um rio rebentando represas. 
Uma mulher onde se encontra o olhar de todos nós. 
Uma mulher varando a escuridão da noite artificial , 
revelando a face por trás das máscaras 
de todos os opressores deste mundo. 
Uma mulher mostrando que fragilidade e fraqueza 


embora sendo palavras parecidas, 
na realidade, têm significados 
inteiramente,
totalmente, 
completamente 
              diferentes. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sarau Poético-Musical - Biblioteca Pública Pelotense

 
 
Juntamente com os  parceiros institucionais e apoiadores , a Bibliotheca Pública Pelotense (BPP) convida para a   XXXI edição   do Projeto  Sarau Poético-Musical BPP , no próximo  25 de junho, a partir das 19:30 horas - conforme programação abaixo
 
Agradecemos pela multiplicação do convite
 
Pelotas , junho de 2013
 
João Alberto D. Santos
Diretor de Comunicação
 

 
O QUE - XXXI edição  do Projeto  Sarau Poético-Musical BPP.
QUANDO E ONDE: 25 de junho  de 2013, no salão térreo da Bibliotheca Pública Pelotense. Entrada franca. Inicio às 19:30 horas.
 
AUTOR EM DESTAQUE
Martim Cesar Gonçalves
 
MÚSICA AO VIVO
Paulo Timm
 
POETAS/ AUTORES CONVIDADOS
 
Alexandre Vergara
Ana Lúcia Almeida
Lúcia Marques
Nauro Junior
 
CONVERSA SOBRE O AUTOR DESTACADO
Enilton Grill Jr
 
Parceiros Institucionais
Confraria dos Poetas de Jaguarão
Curso de Relações Internacionais / UFPel
Faculdade de Educação / UFPel
Centro de Letras e Comunicação/ UFPel
Instituto Estadual de Educação Assis Brasil
RádioCOM.104.5FM
 
Realização
Bibliotheca Pública Pelotense
 
Coordenação Projeto Sarau Poético BPP
Daniela Pires de Castro
Getulio Matos
Mara Agripina Ferreira
Pedro Moacyr Perez da Silveira

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Prêmio Brasil Sul - Sábado - Pelotas/RS


Prêmio Brasil Sul de música acontece no sábado

Ingressos gratuitos podem ser retirados na Rass Escola de Música e na Secult

 
Leandro Maia recebeu sete indicações. Foto: Divulgação - Infocenter DP
Juan Schellemberg também foi um dos que recebeu mais indicações: sete. Gilliane Contreira - Especial DP (Foto: )
Juan Schellemberg também foi um dos que recebeu mais indicações: sete. Gilliane Contreira - Especial DP
Mais de 150 talentos de Pelotas e região sul estarão reunidos - e concorrendo - na noite de sábado (15) ao Prêmio Brasil Sul de Música, que destacará os melhores artistas e obras nas modalidades Instrumental, MPB, Livre, Regional e Rock. A cerimônia ocorre a partir das 20h30min no Theatro Guarany, com show de abertura do grupo Alabê Ôni. Ingressos gratuitos podem ser retirados na Rass Escola de Música e na Secult.
Foram inscritos mais de 60 trabalhos fonográficos, sendo apenas 40 habitados para avaliação da comissão julgadora formada por 11 profissionais das áreas de Música, Jornalismo e Design Gráfico. Destes, 33 receberam indicações nas 23 categorias do prêmio. O público também integra a seleção através da fanpage, votando na capa dos discos concorrentes. Cada curtida é contabilizada como um voto. A participação no Júri Popular encerra à meia-noite de amanhã.
Segundo um dos produtores do evento, Sulimar Rass, a repercussão on-line está bastante expressiva. “Estou surpreso. Mobilizou tanto os artistas como o público. A impressão é de que existia uma carência nesse sentido e, agora, o prêmio está agregando à classe”, comenta. O mesmo foi observado pelo time de jurados. Colega na organização, Haroldo de Campos conta que os avaliadores estão muito contentes com o material produzido na região. “Não se conhece o trabalho daqui e o que queremos é colocar na vitrine, mostrando que se produz música de qualidade no Sul.”
Contexto cultural
O grupo de percussionistas Alabê Ôni foi escolhido especialmente para abrir a cerimônia porque desempenha trabalho importante na valorização do tambor de sopapo, instrumento característico da região, principalmente Pelotas. “É um show nacional, que está percorrendo o país e tem tudo a ver com a temática da premiação, de manter a raiz e agregar valor cultural”, afirma Rass. O projeto apresenta em sua composição Richard Serraria, Pingo Borel, Mimmo Ferreira e, inclusive, o pelotense Kako Xavier.
A participação de Alabê Ôni também conversa com a escolha do homenageado Mestre Baptista, que resgatou a prática de tambor de sopapo nas escolas. Por este motivo, os troféus desta edição recebem seu nome. Baptista também será lembrado através da exibição de um vídeo sobre sua importância histórica, além da entrega de troféu para os familiares presentes. Durante entrega dos prêmios estão previstas ainda diversas intervenções musicais.
Contabilização
Entre as obras que receberam indicações ao prêmio, Mandinho, de Leandro Maia, e Suíte montevideana, de Juan Schellemberg, estão no topo do ranking com sete indicações. Na sequência, Canções de amor e desamar, de Cardo Peixoto, Martim César e Ricardo Fragoso, Cordas para que te quero, de Gilberto de Oliveira, Musa híbrida, de Musa Híbrida, Paisajes e personajes, de Rodrigo Jacques, Terra adentro, de Xiru Antunes, e Tudo uma canção, de Marco Gottinari, figuram com seis nomeações.
Um pouco atrás encontra-se Essência, de Maria Conceição, Já se vieram, de Marco Aurélio Vasconcellos e Martim César Cesar Gonçalves, Lama, de Juliano Guerra e Santa flor, de Aluísio Rockembach com cinco chances. Quatro foi o número de menções que receberam os trabalhos Com as próprias mãos, de Marquinho Brasil, Good night kiss, de Delicatessen, Latinamente, de Líber Bermudez, e Sons do silêncio, de Gilberto Isquierdo.
Da mesma raiz, de Marco Aurélio Vasconcellos, Kisa, de Kisa, Milongador, de Giancarlo Borba, e Singular, de Paulo Timm, Gilberto Isquierdo e Maurício Raupp Martins receberam três indicações. Apenas duas foi a marca de Dale, de Finlândia, Minha praia, de Kako Xavier, e tribo maçambiqueira, Não perca a fé, de Fábio Saraiva e Nuança, Raízes e coração, de Eduardo Freda, 25, de Procurado Vulgo, e Três peças pelotenses, de Duo Ímpar.
A lanterna com uma indicação ficou para A cada dia, de Sérgio Conceição, Máquina loucura, de Canastra Suja, Convés imaginário, de Convés Imaginário, Expressão em cordas, de Gahuer Carrasco, Pasión, de Gauher Carrasco, Buscar a minha paz, de Thunderbird, e Canção hiberbólica, de Vade Retrô. Vale ressaltar que na modalidade Rock, por falta de identificação no material entregue para avaliação, os inscritos concorrem apenas a Melhor Disco da categoria.
Serviço
O quê: cerimônia do Prêmio Brasil Sul de Música
Quando: sábado, às 20h30min
Onde: Theatro Guarany
Ingressos: gratuitos a serem retirados na Secult e na Rass Escola de Música, na rua Anchieta, 3.088, das 9h às 12h e das 14h às 21h, mediante a doação de um agasalho que pode ser entregue no momento de aquisição do convite ou na entrada do teatro
Juan Schellemberg também foi um dos que recebeu mais indicações: sete. Gilliane Contreira - Especial DP (Foto: )
Juan Schellemberg também foi um dos que recebeu mais indicações: sete. Gilliane Contreira - Especial DP
Mais de 150 talentos de Pelotas e região sul estarão reunidos - e concorrendo - na noite de sábado (15) ao Prêmio Brasil Sul de Música, que destacará os melhores artistas e obras nas modalidades Instrumental, MPB, Livre, Regional e Rock. A cerimônia ocorre a partir das 20h30min no Theatro Guarany, com show de abertura do grupo Alabê Ôni. Ingressos gratuitos podem ser retirados na Rass Escola de Música e na Secult.
Foram inscritos mais de 60 trabalhos fonográficos, sendo apenas 40 habitados para avaliação da comissão julgadora formada por 11 profissionais das áreas de Música, Jornalismo e Design Gráfico. Destes, 33 receberam indicações nas 23 categorias do prêmio. O público também integra a seleção através da fanpage, votando na capa dos discos concorrentes. Cada curtida é contabilizada como um voto. A participação no Júri Popular encerra à meia-noite de amanhã.
Segundo um dos produtores do evento, Sulimar Rass, a repercussão on-line está bastante expressiva. “Estou surpreso. Mobilizou tanto os artistas como o público. A impressão é de que existia uma carência nesse sentido e, agora, o prêmio está agregando à classe”, comenta. O mesmo foi observado pelo time de jurados. Colega na organização, Haroldo de Campos conta que os avaliadores estão muito contentes com o material produzido na região. “Não se conhece o trabalho daqui e o que queremos é colocar na vitrine, mostrando que se produz música de qualidade no Sul.”
Contexto cultural
O grupo de percussionistas Alabê Ôni foi escolhido especialmente para abrir a cerimônia porque desempenha trabalho importante na valorização do tambor de sopapo, instrumento característico da região, principalmente Pelotas. “É um show nacional, que está percorrendo o país e tem tudo a ver com a temática da premiação, de manter a raiz e agregar valor cultural”, afirma Rass. O projeto apresenta em sua composição Richard Serraria, Pingo Borel, Mimmo Ferreira e, inclusive, o pelotense Kako Xavier.
A participação de Alabê Ôni também conversa com a escolha do homenageado Mestre Baptista, que resgatou a prática de tambor de sopapo nas escolas. Por este motivo, os troféus desta edição recebem seu nome. Baptista também será lembrado através da exibição de um vídeo sobre sua importância histórica, além da entrega de troféu para os familiares presentes. Durante entrega dos prêmios estão previstas ainda diversas intervenções musicais.
Contabilização
Entre as obras que receberam indicações ao prêmio, Mandinho, de Leandro Maia, e Suíte montevideana, de Juan Schellemberg, estão no topo do ranking com sete indicações. Na sequência, Canções de a(r)mar e desa(r)mar, de Cardo Peixoto, Martim César e Ricardo Fragoso, Cordas para que te quero, de Gilberto de Oliveira, Musa híbrida, de Musa Híbrida, Paisajes e personajes, de Rodrigo Jacques, Terra adentro, de Xiru Antunes, e Tudo uma canção, de Marco Gottinari, figuram com seis nomeações.
Um pouco atrás encontra-se Essência, de Maria Conceição, Já se vieram, de Marco Aurélio Vasconcellos e Martim César Cesar Gonçalves, Lama, de Juliano Guerra e Santa flor, de Aluísio Rockembach com cinco chances. Quatro foi o número de menções que receberam os trabalhos Com as próprias mãos, de Marquinho Brasil, Good night kiss, de Delicatessen, Latinamente, de Líber Bermudez, e Sons do silêncio, de Gilberto Isquierdo.
Da mesma raiz, de Marco Aurélio Vasconcellos, Martim César, Alessandro Gonçalves e Paulo Timm,  Kisa, de Kisa, Milongador, de Giancarlo Borba, e Singular, de Paulo Timm, Gilberto Isquierdo e Maurício Raupp Martins receberam três indicações. Apenas duas foi a marca de Dale, de Finlândia, Minha praia, de Kako Xavier, e tribo maçambiqueira, Não perca a fé, de Fábio Saraiva e Nuança, Raízes e coração, de Eduardo Freda, 25, de Procurado Vulgo, e Três peças pelotenses, de Duo Ímpar.
A lanterna com uma indicação ficou para A cada dia, de Sérgio Conceição, Máquina loucura, de Canastra Suja, Convés imaginário, de Convés Imaginário, Expressão em cordas, de Gahuer Carrasco, Pasión, de Gauher Carrasco, Buscar a minha paz, de Thunderbird, e Canção hiberbólica, de Vade Retrô. Vale ressaltar que na modalidade Rock, por falta de identificação no material entregue para avaliação, os inscritos concorrem apenas a Melhor Disco da categoria.
Serviço
O quê: cerimônia do Prêmio Brasil Sul de Música
Quando: sábado, às 20h30min
Onde: Theatro Guarany
Ingressos: gratuitos a serem retirados na Secult e na Rass Escola de Música, na rua Anchieta, 3.088, das 9h às 12h e das 14h às 21h, mediante a doação de um agasalho que pode ser entregue no momento de aquisição do convite ou na entrada do teatro

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Poema de Maurício Barcellos sobre o poeta e dramaturgo Qorpo Santo - uma das grandes figuras do teatro do absurdo

Poema de Maurício Barcellos  musicado por Paulo Fleck  - Moenda 2005


Qorpo Santo

Sou criador e criatura
nessa vida que mistura
a verdade, a metáfora,
a lucidez e a loucura.

Sendo somente o que invento,
sou surreal noutro tempo;
um prisioneiro à buscar-se
num labirinto de vento.

Na solidão das alturas
deixo que os sonhos plantem
para ir além das molduras
desses retratos de ontem.

Sou a razão no delírio;
a tradução dos avessos;
um deserdado no exílio;
a face que desconheço.

Deixo cair minha máscara
(um trágico riso de espanto):
sou neste palco vazio
pecador em corpo santo.

Se buscares meus rastros, nos teus descompassos 

saberás de mim!
Na encruzilhada dos ventos, além do meu tempo, 

há de me encontrar, e assim,
deixa que eu te leve, leve como um sonho 

- mundo que proclamo em calada voz -
deixo que me guardes nas prisões do peito,

pois tu serás cativo e teu algoz.








quarta-feira, 12 de junho de 2013

Temos nosso própiro tempo... não temos tempo a perder. Renato Russo



Vinte anos

Hoje, ao me despertar, encontrei no espelho
a imagem do que eu era vinte anos atrás.
Tomei um susto! E coloca susto nisso!
Um susto bom, devo dizer. Mas susto igual.
Não podia ser! Mas era!
Ali estava eu... uns vinte anos mais jovem.
Igual àquelas fotos que há muito tempo estão
dormindo pelos álbuns que eu não vejo mais.

Eu-re-ka! Como podia ter acontecido isso?!
Fiquei matutando um pouco. Só um pouco!
Não muito! Um pouquinho só.
Pois eu não tinha muito tempo a perder...
O tempo urge... e ruge... e muge...
mas não é uma vaca!
(essa última parte é brincadeira e primeira é frase feita.
Frase feita... dessas para impressionar, mas que às vezes,
ou quase sempre, têm o efeito contrário.
Mas deixemos de conjecturas).

E se o encanto se desfizesse logo?
Se os vinte anos já vividos voltassem agora,
todos contidos em um só segundo?
Não... eu não podia perder tempo.
Saí em desabalada carreira...
(coisas da juventude, eu acho)
em direção aos meus amigos de sempre.
Fui contar a eles o que tinha sucedido comigo.
A boa nova. A maravilhosa notícia...
É vero!... eu parecia o mítico Ponce de León
encontrando a fonte da eterna juventude.
Sim... não sei de que maneira, mas eu,
uns cinco séculos depois, a encontrara.
Fui ter com os meus amigos então,
e que felicidade não teriam eles...
Eu ali, esfuziante, esbaforido, vinte anos mais jovem.

Mas para surpresa minha...
(e dessa vez não foi susto)
Para surpresa minha
eles não gostaram muito do que aconteceu.
Primeiro se surpreenderam, claro.
Deram-me os merecidos parabéns.
Disseram que comemorariam comigo.
Porém, depois, foram se afastando aos poucos.
Talvez por que não combinassem muito com eles,
as minhas atitudes um tanto, digamos, juvenis.
Mas, tudo bem... eu atribuí isso a uma certa inveja.
Não uma inveja grande, afinal, eram meus amigos,
porém, sim, uma certa pequena inveja.
Certas visões um tanto ultrapassadas. Antiquadas.
Uns achaques de veteranos.
Tive um pouco de pena deles. Fazer o quê?

Vamos em frente, pensei.
Fui procurar a minha turma,
(deveria haver uma turma que fosse minha)
os que tinham idade e anseios iguais aos meus.
Porque agora eu tinha muitos anseios...
Sim... qual o quê? agora eu tinha anseios de juventude.
A vida toda por viver. O infinito à minha frente.
O horizonte além do horizonte tinha um outro horizonte.

Foi quando eu descobri que não tinha turma.
Ninguém me reconhecia!
Tive, então, que começar uma nova turma.
Apresentar-me.
No começo até que fui bem...
Afinal, os jovens se entendem.
Algo de rebeldia conjunta.
Inconformidade. Arroubos da juventude.
Eu estava indo bem... e tinha experiência.
Só que depois... depois... devo confessar...
Nem minha conversa agradava aos meus contemporâneos,
Nem a conversa deles me agradava.
Nós definitivamente não tínhamos sintonia.
Aquelas conversas de bar que tanto me entusiasmavam
com a minha turma de sempre,
simplesmente não funcionavam aqui.
Eu falavra grego... eles chinês. Ou pior: cantonês.

Desisti, então... melhor andar sozinho.
Afinal, tenho o mais importante:
a minha juventude.
Contudo, depois de um tempo, a solidão
começou a me incomodar.
Depois de um tempo... porém que tempo?
Lembrei que tinham se passado vinte anos.
Uma cruzada frente ao espelho e vupt!
Lá se foram vinte anos.
Vinte anos... onde estavam esses vinte anos?

Voltei para casa então.
Que dia esse! Eu mais jovem vinte anos.
Tinha que comemorar de alguma forma.
Não é todo dia que se regride vinte anos.
Vinte anos...

Foi quando voltei ao espelho.
Outro susto!
Estava de novo eu... mais velho vinte anos.
Melhor dizendo... estava eu atualmente. Eu!
Era para ficar triste.
Era para ficar profundamente triste.
Triste...
Mas que nada!

Saí para a rua imediatamente.
Correndo em desabalada carreira.
(claro que desta vez o coração saía pela boca.
Afinal, eu já não estava com vinte anos a menos.
E como faz diferença...
Mas não.... acho que corri mais depressa que antes).

Encontrei meus amigos.
Fomos, então, para o bar de sempre.
Viva! Aleluia! Arriba!
Ah!Essa vida é mesmo muito estranha.
Coisa boa poder andar junto, no tempo e no espaço,
com os amigos de sempre,
com os afetos de sempre,
com as alegrias e tristezas de sempre...

Creio que descobri o segredo do tempo passar.
Depois dessa, só eu rejuvenescer vinte anos... 
                           sozinho... sozinho... nunca mais!!!


Martim César