Ameríndia
Quando
eles vieram tão pouco possuíam
Porém
se diziam donos desta terra
Trouxeram
a guerra e doenças estranhas
Relegando
um povo à dor e à miséria
Roubaram
das matas a verde alegria
Quebrando
a harmonia milenar deste chão
Despertaram
a erosão que devora a planura
E
inventaram na América a palavra extinção
Banharam
de sangue os rios, antes puros
Levantando
seus muros, cidades, prisões
Mataram
milhões evocando a um Deus
Condenando
uma raça a não ter mais futuro
Mas
será que não somos mais índios que brancos?
Mas
será que esta América não é mesmo Índia?
Quando
eles vieram com seus armamentos
Já
não houve mais tempo para a ingenuidade
Sobrou
só a falsidade na jura dos reis
E
na (in) justiça das leis só desigualdade
Hoje as tintas de guerra já não pintam guerreiros
Mas
tão só prisioneiros que em reservas mal vistas
Margeiam
autopistas vendendo lembranças
Adornos
e enfeites para o lar dos turistas
Já
não mais se escuta nas florestas e campos
A
pureza dos cantos de mil tribos libertas
Mas
talvez ainda ecoe nos acordes do vento
O
terrível lamento de uma terra deserta!
Mas
será que não somos mais índios que brancos?
Mas
será que esta América não é mesmo Índia?
Martim César
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