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segunda-feira, 24 de junho de 2013

“…tengo los labios demasiado recios, pero los sueños muy dulces…” Silvio Rodrigues


Ameríndia



Quando eles vieram tão pouco possuíam
Porém se diziam donos desta terra
Trouxeram a guerra e doenças estranhas
Relegando um povo à dor e à miséria

Roubaram das matas a verde alegria
Quebrando a harmonia milenar deste chão
Despertaram a erosão que devora a planura
E inventaram na América a palavra extinção

Banharam de sangue os rios, antes puros
Levantando seus muros, cidades, prisões
Mataram milhões evocando a um Deus
Condenando uma raça a não ter mais futuro


Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?


Quando eles vieram com seus armamentos
Já não houve mais tempo para a ingenuidade
Sobrou só a falsidade na jura dos reis
E na (in) justiça das leis só desigualdade

Hoje as tintas de guerra já não pintam guerreiros
Mas tão só prisioneiros que em reservas mal vistas
Margeiam autopistas vendendo lembranças
Adornos e enfeites para o lar dos turistas

Já não mais se escuta nas florestas e campos
A pureza dos cantos de mil tribos libertas
Mas talvez ainda ecoe nos acordes do vento
O terrível lamento de uma terra deserta!

Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?




Martim César

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