Relembre: editorial de O Globo celebra golpe militar de 1964
Postado em: 26 mar 2013 às 20:33
A história inabalável: Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar
Leia a seguir, na íntegra, o posicionamento histórico e irreparável do jornal da família Marinho durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.
Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril
de 1964
“Ressurge
a Democracia”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam
unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas,
simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a
democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas,
que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam
destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo
irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e
tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a
legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o
anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o
assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação
horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio
constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em
direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados,
sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a
ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava
a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro
confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções,
pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e
insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se
preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os
protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas,
fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a
garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua
relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes,
o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta
Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA
LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a
hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a
Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o
direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições
indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua
presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no,
definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz,
tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação
subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a
tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do
amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o
Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele
participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a
ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais
ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo
intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no
Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente,
externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla
acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria,
do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra
qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o
bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros
com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão
mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que
não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as
medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia
social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina,
que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos
dignos de tão grande favor.”
Pragmatismo Politico, com Acerto de
Contas
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