Fragilidade
(Para Rigoberta Menchú)
Uma mulher lutando contra um império.
Uma mulher detentora da força de todo um povo.
Uma mulher índia. Latinoamericanamente índia.
Uma mulher gritando a vida dos seus mortos.
Eles aniquilados, torturados, desaparecidos,
(nela ressuscitados, renascidos, redivivos).
Eles, aos milhares, às centenas de milhares,
fuzilados, trucidados, engolidos pela terra.
Eles, agora envoltos pela mesma mortalha
feita da terra a que pertenciam
e que a eles pertencia.
Eles reerguendo-se, levantando-se, renovando-se
na eternidade cíclica da árvore e da semente.
Uma mulher somente, e que é muitas mulheres.
Uma mulher apenas, e que é todas as mulheres.
Rompendo casulos, levantando véus, saindo da casca,
descobrindo-se livre por si mesma,
sem liberdades oferecidas ou alforriadas.
Uma mulher liberta e não libertada.
Índia, branca, mestiça, negra, o que importa?
Uma mulher feito um rio rebentando represas.
Uma mulher onde se encontra o olhar de todos nós.
Uma mulher varando a escuridão da noite artificial ,
revelando a face por trás das máscaras
de todos os opressores deste mundo.
Uma mulher mostrando que fragilidade e fraqueza
embora sendo palavras parecidas,
na realidade, têm significados
inteiramente,
totalmente,
completamente
diferentes.
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quinta-feira, 20 de junho de 2013
Não há sujeito neutro, somos forçosamente adversários de alguém. Michel Foucault.
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