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quinta-feira, 5 de maio de 2011

A ciência ainda não nos provou se a loucura é ou não o mais sublime da inteligência. Edgar Alan Poe


A sombra



(para Horácio Quiroga)




A minha sombra torta singra pelo espaço
Ciente que o que faço nada mais importa
Não há outro mundo por trás dessa porta
Tudo enfim se corta ao findar meu passo

Sabe o caminho - que seguindo - eu traço
Do mortal cansaço que a alma comporta
Que o riso tênue de muito não conforta
Toda essa vida morta, pedaço por pedaço

E o que restou de mim?Um esboço me parece
Um poço sem fundo que um dia foi um rio
Um deserto hostil onde a vida não floresce

Uma chama em agonia derrotada pelo frio
Um velho retrato de um tempo que perece
Um suicida vivo caindo sempre no vazio...

Martim César

3 comentários:

  1. Emocionante.
    "Que o riso tênue de muito não conforta
    Toda essa vida morta, pedaço por pedaço"

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  2. Hermoso texto, profundo, trágico pero sutil,al describir la condición suicida de este gran narrador uruguayo, lo que a la postre comete.

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