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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Que lhe importa se a magia de um malvado feiticeiro, com seus ardis, desvirtue o olhar do mundo inteiro para que ninguém veja nada mais do que moinhos?

III Ato
Realidade
I Cena

(Ama, sobrinha, padre, barbeiro, Sansão Carrasco, D. Quixote)


Onde se apresenta o Bacharel Sansão Carrasco à família de Dom Alonso, além de algumas conversações dignas de serem registradas.

Sala de estar da casa de Dom Alonso. A ama faz limpeza, a sobrinha borda. Golpeiam a porta.

Sobrinha:
_ Devem ser nossos amigos.

Ama:
_ Podem entrar!

Entra o padre secundado pelo barbeiro como no II ato e mais atrás o bacharel Sansão Carrasco. A ama e a sobrinha beijam a mão do padre respeitosamente e saúdam ao barbeiro. O padre lhes apresenta o bacharel.

Padre:
_ Senhoras, apresento-lhes o bacharel Sansão Carrasco, de Salamanca, filho de um amigo meu, profundo conhecedor das histórias de cavalaria, ademais de exímio espadachim. Ele está muito interessado no caso de Dom Alonso.

Ama e sobrinha saúdam o bacharel

Sobrinha:
_ Oxalá possa nos ajudar, senhor, por que já estamos perdendo as esperanças.

Sansão:
_Tenho escutado várias histórias sobre o seu tio. Poderia me contar o que há de verdadeiro em tudo isso?

Sobrinha:
_Na verdade eu lhe digo, senhor Sansão, que o meu tio se envolveu em tantas loucuras que eu passaria horas para contá-las. Agora anda com uma bacia na cabeça que diz ser um tal Elmo de Mambrino.

Sansão:
_ O encantado elmo que Reinaldo de Montalban tomou do mouro Dardinel dal Monte em uma famosa obra de cavalaria.

Sobrinha:
_ Mas senhor Sansão, eu vi e lhe asseguro que não passa de uma bacia de barbeiro.

Sansão:
_ Claro, senhorita , eu lhe falei do que Dom Alonso acredita que é.

Barbeiro:
_ Na aldeia falam de una história de prisioneiros...

Ama:
_ Por Deus! Toda Espanha já sabe...

Sansão:
_ É... mas me contem o que aconteceu...

Barbeiro:
_ Dom Alonso ou Dom Quixote, que sei eu, encontra uma dúzia de condenados escoltados pela milícia real. Ao vê-los acorrentados lhe deu na teia que deveria libertá-los, e acredite que com sua loucura conseguiu amotiná-los com o que puseram pra correr os soldados do Rei.

Padre:
_ E dizem que depois de libertá-los exigiu que fossem até Toboso para prestar homenagem a sua Donzela Dulcinéia. Vejam só que disparate!

Sansão:
_ E eles foram?

Padre:
_Que nada! Os prisioneiros lhe deram uma surra, isso sim... uma sumanta tão grande que por pouco não o mataram .


(continua)

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