III Ato
Realidade
I Cena
(Ama,
sobrinha, padre, barbeiro, Sansão Carrasco, D. Quixote)
Onde
se apresenta o Bacharel Sansão Carrasco à família de Dom Alonso,
além de algumas conversações dignas de serem registradas.
Sala
de estar da casa de Dom Alonso. A ama faz limpeza, a sobrinha borda.
Golpeiam a porta.
Sobrinha:
_
Devem ser nossos amigos.
Ama:
_
Podem entrar!
Entra
o padre secundado pelo barbeiro como no II ato e mais atrás o
bacharel Sansão Carrasco. A ama e a sobrinha beijam a mão do padre
respeitosamente e saúdam ao barbeiro. O padre lhes apresenta o
bacharel.
Padre:
_
Senhoras, apresento-lhes o bacharel Sansão Carrasco, de
Salamanca,
filho
de um amigo meu, profundo conhecedor das histórias de cavalaria,
ademais de exímio espadachim. Ele está muito interessado no caso de
Dom Alonso.
Ama
e sobrinha saúdam o bacharel
Sobrinha:
_ Oxalá possa nos
ajudar, senhor, por que já estamos perdendo as esperanças.
Sansão:
_Tenho escutado
várias histórias sobre o seu tio. Poderia me contar o que há de
verdadeiro em tudo isso?
Sobrinha:
_Na verdade eu lhe
digo, senhor Sansão, que o meu tio se envolveu em tantas loucuras
que eu passaria horas para contá-las. Agora anda com uma bacia na
cabeça que diz ser um tal Elmo de Mambrino.
Sansão:
_ O encantado elmo
que Reinaldo de Montalban tomou do mouro Dardinel dal Monte em uma
famosa obra de cavalaria.
Sobrinha:
_ Mas senhor
Sansão, eu vi e lhe asseguro que não passa de uma bacia de
barbeiro.
Sansão:
_ Claro, senhorita
, eu lhe falei do que Dom Alonso acredita que é.
Barbeiro:
_ Na aldeia falam
de una história de prisioneiros...
Ama:
_ Por Deus! Toda
Espanha já sabe...
Sansão:
_ É... mas me
contem o que aconteceu...
Barbeiro:
_
Dom Alonso ou Dom Quixote, que sei eu, encontra uma dúzia de
condenados escoltados pela milícia real.
Ao
vê-los acorrentados lhe deu na teia que deveria libertá-los, e
acredite que com sua loucura conseguiu amotiná-los com o que puseram
pra correr os soldados do Rei.
Padre:
_
E dizem que depois de libertá-los exigiu que fossem até Toboso para
prestar homenagem a sua Donzela Dulcinéia.
Vejam
só que disparate!
Sansão:
_ E eles foram?
Padre:
_Que nada! Os
prisioneiros lhe deram uma surra, isso sim... uma sumanta tão grande
que por pouco não o mataram .
(continua)
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