II Ato
As
Aventuras
I
Cena
Onde
se conta da consagração de Dom Quixote como
Cavaleiro, além do aparecimento da donzela Dulcinéia del Toboso e
dos efeitos malignos do bálsamo de Ferrabrás
(Bailarina,
D. Quixote, Sancho, posadeiro, viajantes, Dulcinéia)
(Viajantes
sentados tomando algumas taças de vinho, enquanto a bailarina
executa uma dança típica espanhola (flamenco) sob o olhar do
posadeiro. Quase ao final da apresentação (curta) entra D. Quixote
acompanhado por Sancho. Ao terminar, a bailarina corre em direção a
D. Quixote sem perceber a sua presença. Quando o vê, toma um susto
diante de tão espantosa figura e foge em sentido contrário)
D.
Quixote:
_
Não tenhas medo, vossa mercê, nem temas dano algum, pois a Ordem
Cavaleiresca à qual pertenço não lhe cabe perturbar a tão formosa
e distinta donzela como vossa aparência indica.
Sancho:
Mas...
olhe bem vossa mercê que não é uma dama e, sim, uma bailarina de
cabaré.
D.
Quixote:
_
O que dizes Sancho?
Sancho:
_
É uma mulher da vida... senhor.
(A bailarina dá uma gargalhada e Dom Quixote fica um tanto alterado)
Quixote:
_
A cortesia é uma virtude nas formosas e distintas donzelas e o riso
uma temeridade quando não tem razão de ser.
(
Ao escutar isto a bailarina e os viajantes gargalham em coro,
fomentando a ira do nosso cavaleiro e acabam, com isso, provocando a
intervenção conciliatória do dono da pousada)
Pousadeiro:
_
Se Vossa Mercê busca um pouso para passar a noite eu lhe ofereço as
humildes habitações da minha pousada.
Quixote:
_
Para
mim, senhor alcalde, seria uma honra repousar em seu afamado e
monumental castelo, mas devo recusar por que como cavaleiro lhe digo:
“ Minhas cobertas são as armas e meu descanso o batalhar”.
Sancho:
_ Mas senhor...
Vossa mercê não vê que isto não é um castelo?!
Quixote:
Não seja
impertinente Sancho. Não viste a ponte levadiça, as altas e
imponentes torres e as formosas e distintas donzelas??!
Sancho:
_Com
perdão da má palavra senhor... isto mais parece uma pocilga que
qualquer outra coisa.
Quixote:
_Cala-te
Sancho! Perdoe-me
nobre e valoroso alcaide pois meu escudeiro jamais havia cruzado a
porta de um castelo.
Posadeiro:
_ Dirigindo-se à plateia:
_
Alcalde?
Castelo? Torres? Este tipo só diz disparates.
Os viajantes que estão à mesa riem às gargalhadas
Quixote
(fazendo que não é com ele):
_ Senhor alcalde,
aproveitando tão memorável e feliz oportunidade, queria rogar a
Vossa Mercê que me consagrara cavaleiro andante, como mandam as
milenares regras da cavalaria.
Posadeiro:
_
Como quê? Consagrar-lhe cavaleiro?
(Ao
escutarem isto, os viajantes confabulam)
(Continua)
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