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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso. Darcy Ribeiro



Olhos de índio




Sobre um rio de asfalto onde os carros navegam

Dois mundos se enxergam, frente a frente existindo

Nos olhos do branco brilham luzes que cegam

Nos olhos do índio só o passado perdido



Quem avista da estrada seu tristonho presente

Seu viver inclemente de abandono e amargura

Despreza o seu jeito por ser tão diferente

E nem ao menos pressente sua antiga cultura



Personagens estranhos desse novo cenário

Onde regras e horários encarceram os homens

Onde crescem cidades de milhões solitários

De prateleiras repletas e de tantos com fome



São olhares distantes nas margens da estrada

Histórias veladas que o tempo desfez

Nas cestas de vime a herança deixada

A planta arrancada não germina outra vez!



Martim César

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