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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã... Renato Russo





Cão de estimação

Estou triste!
De uma tristeza muito estranha,
Pois eu não sei bem o que fazer com ela.
Não cabe em nenhum lugar...
Nem mesmo neste poema.

Escrever, eu já percebi que não serve,
Pois já tentei
E quando rabisquei a última palavra
A tristeza – fiel! - seguia ali
Como um desses cães de estimação
Só esperando que eu atentasse nele.

Chamar-te e dividir contigo essa tristeza
De nada adiantaria
Posto que uma tristeza infinita
Quando dividida
Certamente seguirá infinita.
(Ao menos a matemática garante isso).

Então sigo triste. Muito triste.
De uma tristeza estranha.
Muito estranha.

Tento fazer mil coisas para espantá-la.
Mas ela não se importa.
Parece que seguirá por aqui... por muito tempo
Mesmo depois de eu ralhar com ela...
Vai pra casa!!! Caminha!!! Já pra fora!!!

Que nada!... fazer o quê?
Ela seguirá por aqui,
Pois quando eu me acalmo um pouco
E, disfarçando, observo-a de relance
(meio assim como quem não quer nada)
Ela já me abana a cauda
E vem – e como é teimosa...! -
Outra vez estar comigo...
feito um cão de estimação!

Martim César

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