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terça-feira, 21 de junho de 2011
Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta. Chico Mendes
Sertão das águas
Arrepare n’água, seu moço
Parece ser tão igual
Mas o seu jeito de poço
Dá bem a cor do seu mal
Eu vô fiando essas rede
Tentando sobrevivê
Olhando o rio, que de sede
Já não faz mais que morrê
Meu pai contava, seu moço
Que em tempos do meu avô
Havia festa... alvoroço
Na volta dos pescadô
Agora as rede se some
Pelas fundeza do rio
E quando voltam os home
Só barco e olhos vazios
Não sei vivê doutro jeito
Sou pescadô de pequeno
De quando as água do leito
Não conheciam veneno
Vejo no olhar do meu filho
A mesma interrogação
Pra quê as rede que eu fio
Se a vida volta mais não?
Martim César
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