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terça-feira, 14 de junho de 2011

Dice mi padre que ya llegará desde el fondo del tiempo otro tiempo y me dice que el sol brillará sobre un pueblo que él sueña labrando. Alfredo Zitarrosa



 

 

Procissão dos retirantes


Terra-Brasilis, continente, pátria-mãe da minha gente,
 hoje eu quero perguntar:
Se tão grandes são teus braços, por que negas um espaço
aos que querem ter um lar?


Eu não consigo entender que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer por um pedaço de chão


Lavradores nas estradas vendo a terra abandonada
sem ninguém para plantar
Entre cercas e alambrados vão milhões de condenados
a morrer ou mendigar


Eu não consigo entender, achar a clara razão
De quem só vive prá ter e ainda se diz bom cristão


No Eldorado do Pará, nome índio: Carajás,
um massacre aconteceu
Nesta terra de chacinas, essas balas assassinas
todos sabem de onde vem


É preciso que a justiça e a igualdade
sejam mais que palavras de ocasião
É preciso um novo tempo
em que não seja só promessa
repartir a terra e o pão

A hora é essa de fazer a divisão!

Eu não consigo entender que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter só sete palmos de chão

Nova leva de imigrantes, procissão dos retirantes,
só há terra em cada olhar
Brasileiros feito nós, vão gritando mas sem voz,
norte ou sul, não têm lugar


Eu não consigo entender que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer por um pedaço de chão


Pátria amada do Brasil, de quem és a mãe gentil?
Eu insisto em perguntar :
Dos famintos das favelas ou dos que desviam verbas
pra champanhe e caviar?


Eu não consigo entender, achar a clara razão
De quem só vive pra ter e ainda se diz bom cristão



 Martim César


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