
As linhas do tempo
As mãos da tecelã forjam o tempo
A roca das manhãs em movimento
Na reta dessas lãs, rumos no vento
Província de São Pedro, o continente
Pedala nos atalhos da lembrança
No casario antigo de uma estância
A avó que embalou a minha infância
E um mundo que se foi já para sempre
Fia fiando a fiandeira nessa imagem
De Bibiana relembrando com saudade
O Capitão que nunca mais irá voltar
Roda rodando vai a roca enovelando
Os dias que são quadros de recuerdos
Que o tempo e o vento já não podem apagar
As mãos da tecelã ditam canções
Mulheres que se foram, gerações
Distintas vidas e as mesmas ilusões
Que seus homens não pereçam noutra guerra
Ficaram elas a alumiar noites escuras
Com suas linhas, seus teares, benzeduras
Com seus filhos, suas rocas, com suas juras
Para que os homens tenham paz sobre esta terra!
Martim César
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