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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra" (Mário Lago)


O relógio





Naqueles dias o tique-taque parecia soar lento
Chegava mesmo a parecer que não soava
Mas era eu que, alheio a tudo, solto ao vento
Não percebia que o relógio não parava


Jamais parou, sequer um dia, aquele invento
No interminável passar do tempo, ele passava
Sem que eu pudesse lhe roubar um só momento
Ano após ano, a minha infância ele roubava


Mudei assim, por obra e força do seu passo
E vi-me adulto, sério e fraco, de repente
Sem notar nele o mais leve descompasso


E segue sempre em minha vida, indiferente
A obrigar-me a conviver com o meu fracasso
Mudei assim...
.............................como evitar quando se é gente?


 
Martim César

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