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sábado, 4 de junho de 2011

Eu semeio o vento na minha cidade... vou pra rua e bebo a tempestade. Chico Buarque





Sombras de Morfeu



Se de repente o sol caísse
Feito um copo, estilhaçado aos teus pés
E a lua para sempre resumisse
Em sua luz, a força oculta das marés

Noturnos homens caminhando
Como sombras pelo chão dos hemisférios
A Via Láctea no sem fim se navegando
Rio alado rumo a um porto de mistérios


Ainda assim te encontraria
Feito um lobo farejando a sua presa
Pois teu cheiro de mulher te denuncia
E o teu olhar é uma chama sempre acesa


Se de repente a vida fosse
Não mais o infindo renascer dos dias
E sim a noite sucedendo a noite
Escuras praias sob o som das maresias


Cegos vultos na escuridão
Buscando a vida já ausente das retinas
Em um sombrio tempo de ilusão
Silhuetas negras que o luar não ilumina


Ainda assim te encontraria
Feito um lobo farejando a sua presa
Teu amor tem essa luz de poesia
De rio de estrelas rebentando mil represas





Martim César

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