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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Nos perdemos por el mundo, nos volvemos a encontrar. Atahualpa Yupanqui





Disse o poeta ao cantor

Disse o poeta ao cantor
Passe algum dia por casa
Dê um descanso pras asas
De Serafim voador
Visite este sonhador
Que sempre lhe teve apreço
Há coisas que só têm preço
E outras que têm valor


Neste mundo de excluídos
Cantores são aves raras
Que trazem auroras claras
Pra tantos céus poluídos
E quando às vezes perdidos
Buscando um fim no universo
Encontram no próprio verso
Sua direção e sentido


Há tanta alma carente
Por esse mundo de Deus
Crença na voz dos ateus
Descrença na voz dos crentes
Saudade de quem pressente
O que não pode entender
Que só se pode perder
O que jamais foi da gente


O cantor tem por destino
Ser a palavra do povo
Trazer o antigo pro novo
Trazer pro velho, o menino
Para o normal, desatino
Para o doido, coerência
E para todos, consciência
De um tempo mais cristalino


Há tanta ilusão perdida
No triste viver dos homens
Quem busca vencer a fome
Não tem mais outra saída
É água de rio contida
Na opressão da represa
Onde a maior correnteza
Se torna um poço sem vida !


Martim César

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