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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Que sabem os que o veem tão somente como um louco? De aventuras quase nada; da história muito pouco; do mundo só conhecem o cinzento cotidiano...


II Cena


[Ama, Sobrinha, Padre , Barbeiro ( Quixote, aldeão) ]



Onde se conta as preocupações dos familiares e amigos do fidalgo, além de algumas atribulações sofridas pelo mesmo, ademais da censura da biblioteca.


Ama:
_ Senhorita! Faz três dias que o senhor seu tio não aparece! Ninguém da vizinhança sabe do seu paradeiro... nem os pastores, nem o cabreiro... Por Deus! E agora o que fazemos?

Sobrinha:
_ Eu também estou desesperada. A única coisa que me ocorreu foi chamar o padre que é seu grande amigo. (Ouve-se batidas na porta – elas se dão volta). Creio que chegou.

(Entra o padre secundado pelo barbeiro. As duas mulheres beijam respeitosamente a mão do padre e fazem uma mesura para o barbeiro. Este retribui da mesma forma)

Padre:
_ Para nos ajudar nesta ocasião tão preocupante, trouxe comigo a Dom Nicanor.

Ama:
_ ¡Por Deus! O que lhe parece senhor padre essa desgraça
do meu patrão? Pobre... faz três dias que não dá sinal de vida... estamos desesperadas...

Padre:
_ Procurem se acalmar... Primeiro me digam como isso aconteceu.

Sobrinha:
_ Só pode ser culpa desses malditos e endemoniados livros.

Barbeiro:
_ Que livros?

Sobrinha:
_ Sabe, Dom Nicanor, aquelas histórias de desventuras, de batalhas insanas e todas essas idiotices que acabaram levando o meu pobre tio a perder o juízo...

Ruidosamente entra o aldeão apoiando a Dom Quixote.


Aldeão:
_ Com licença, com licença...que eu trago a D. Alonso muito estropiado...

Quixote (com voz firme):
_ Alonso, não! Dom Quixote de La Mancha, Grande Cavaleiro Andante que por obra de um nigromante traiçoeiro, em sua primeira batalha desafortunado foi, porém manteve o pendor de sua grande e honorável figura e sem dúvida alguma haverá de ganhar a guerra.


(continua...)




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