II Cena
[Ama, Sobrinha, Padre , Barbeiro ( Quixote, aldeão) ]
Onde
se conta as preocupações dos familiares e amigos do fidalgo, além
de algumas atribulações sofridas pelo mesmo, ademais da censura da
biblioteca.
Ama:
_ Senhorita! Faz
três dias que o senhor seu tio não aparece! Ninguém da vizinhança
sabe do seu paradeiro... nem os pastores, nem o cabreiro... Por Deus!
E agora o que fazemos?
Sobrinha:
_
Eu também estou desesperada. A única coisa que me ocorreu foi
chamar o padre que é seu grande amigo.
(Ouve-se
batidas na porta – elas se dão volta).
Creio que chegou.
(Entra o padre
secundado pelo barbeiro. As duas mulheres beijam respeitosamente a
mão do padre e fazem uma mesura para o barbeiro. Este retribui da
mesma forma)
Padre:
_ Para nos ajudar
nesta ocasião tão preocupante, trouxe comigo a Dom Nicanor.
Ama:
_ ¡Por Deus! O
que lhe parece senhor padre essa desgraça
do meu patrão?
Pobre... faz três dias que não dá sinal de vida... estamos
desesperadas...
Padre:
_ Procurem se
acalmar... Primeiro me digam como isso aconteceu.
Sobrinha:
_ Só pode ser
culpa desses malditos e endemoniados livros.
Barbeiro:
_ Que
livros?
Sobrinha:
_ Sabe,
Dom Nicanor, aquelas histórias de desventuras, de batalhas insanas e
todas essas idiotices que acabaram levando o meu pobre tio a perder o
juízo...
Ruidosamente entra o aldeão apoiando a Dom Quixote.
Aldeão:
_ Com licença,
com licença...que eu trago a D. Alonso muito estropiado...
Quixote (com
voz firme):
_
Alonso, não! Dom
Quixote de La Mancha, Grande Cavaleiro Andante que por obra de um
nigromante traiçoeiro, em sua primeira batalha desafortunado foi,
porém manteve o pendor de sua grande e honorável figura e sem
dúvida alguma haverá de ganhar a guerra.
(continua...)
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