I Ato
Transformação
Cena I
(Alonso Quijano, Sobrinha, Ama)
Onde se introduz o venerável Alonso Quijano e o seu fervor apaixonado pelos livros de cavalaria
Alonso sentado
e lendo. Às vezes trava batalhas
imaginárias. Parece visivelmente transtornado, alheio a tudo que o
rodeia.
A
ama entra. Traz uma bacia e uma vassoura nas mãos. Deixa a bacia em
um canto e começa a limpar com a vassoura. Aproxima-se de Alonso,
varre por baixo dos seus pés.... por baixo da mesa. Alonso não lhe
dá a mínima importância.
Entra
a sobrinha e a ama comenta:
Ama:
_Senhorita, o que lhe parece o seu tio? Faz meses que está nessa
loucura de ler e ler sem descanso!
Sobrinha:_
Tio! Tio! (Demonstrando desânimo)_ É inútil, Dona Mercedes. Não
ouve ninguém. Está como que prisioneiro dessas histórias de
cavaleiros, dragões, princesas, feiticeiros...
Ama:_
Por culpa desses malditos livros a fazenda está abandonada. Já faz
tempo que comemos sempre a mesma coisa... por Deus, um homem tão
inteligente! Malditos livros de Satanás... lhe fizeram perder o
tino... Meu Deus, a comida vai queimar.
A
ama e a sobrinha saem apressadamente. Aquela se esquece da vassoura.
Passam
as horas. Já é de madrugada. Alonso se levanta, caminha até o baú,
agarra uma espécie de colete, parecido a uma armadura, e o veste.
Agarra a vassoura que brande como uma espada e usa a bacia como se
fosse um escudo.
Alonso:
_ Eu, Alonso Quijano, de agora em diante me chamarei Dom Quixote! E
como convém a um grande Cavaleiro andante e aventureiro, matador de
gigantes, defensor de viúvas e donzelas desamparadas, Protetor de
todos os injustiçados, farei como o famoso Amadis de Gaula . Minha
terra será o meu sobrenome. Serão imortalizadas em bronze as
façanhas do grande Cavaleiro Andante Dom Quixote de la Mancha!
Sai
Dom Quixote triunfalmente.
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