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quinta-feira, 29 de março de 2012

Quem viu, duvida que viu. Quem pensa que viu, não viu. Aparício Silva Rillo




A viúva de Quinteros

Ninguém sabe o paradeiro
Da viúva de Quinteros
Que se foi sem deixar rastros
Que partiu pra nunca mais...

Restou um rancho deserto
Olhando pra o campo aberto
E já esquecido por Deus
E mil causos na memória
Que tentam contar a história
Como de fato ocorreu

Mas ao certo ninguém sabe
Qual o seu fim ninguém responde
Se morreu, onde está o corpo?
Se partiu, se foi pra onde?

Viu seu marido e seu filho
Partirem na leva um dia...
Mas por que não retornaram
Se tantos sobreviveram?
Onde estão os prisioneiros
Da batalha de Quinteros?

Ninguém sabe o paradeiro
Da viúva de Quinteros
Que se foi sem deixar rastros
Que partiu pra nunca mais...

Na ponta rubra da lança
Uma tesoura de esquila
Adorna o peito sangrado
De outro Blanco assassinado
E junto ao corpo estendido
Sempre um lenço colorado...

O mesmo lenço encarnado
Que se extraviou em Quinteros
E que reclama em silêncio
A morte dos prisioneiros

Morreram muitos depois
E todos de igual maneira
E viram um lenço rubro
Ao lado da esquiladeira
E – sempre - em seus enterros
A mesma mulher de negro

Mas ao certo ninguém sabe... 



Martim César

(Baseado em outra personagem imortal do escritor Aldyr Schlee) 

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