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quarta-feira, 7 de março de 2012

Em vão espero as desintegrações e os símbolos que precedem ao sonho. Jorge Luis Borges


 
Dois olhos na noite escura


Quando o sol morreu no olhar
Ainda restaram as estrelas
Mas depois de o céu nublar
Já nunca mais pôde vê-las

No pátio imenso das casas
Envelheceram as meninas
O tempo que a tudo abrasa
Vestiu de luto as retinas

Quem tem a visão do mundo
Enxerga, ás vezes, sem ver
E passa a vida no fundo
Da escuridão do seu ser

Mas quem da dor fez o verso
E da tormenta fez calma
Descobriu outro universo
Na senda oculta da alma

Como fantasma entre vivos
Conhecedor de dois planos
O cego entre os seus livros
Riu dos limites humanos

Entre mortais, fez-se mago
Farol, nos mares da vida
Onde nós, pobres náufragos
Ainda estamos à deriva


Martim César

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