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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A pena é mais forte que a espada. Voltaire

A batalha

Todos que estavam no bar – e não eram poucos – foram surpreendidos pela entrada repentina dos policiais. Parecia enxame de abelha invadindo um apartamento. Ninguém sabia o que fazer. Ninguém sequer pensava no que fazer. Respirações paradas. Silêncio abrupto. Conversas cortadas ao meio, como se as palavras fossem decepadas por alguma lâmina invisível. Foi quando um dos invasores, talvez para acabar com aquela cena constrangedora, gritou algumas palavras de ordem: “Todos quietos! Ninguém se mexa!” – Como se alguém pudesse se mexer. Até o cérebro, antes semi-adormecido, agora estava alerta, porém congelado, como em uma fotografia. Ato contínuo aquele exército bem armado partiu para a ação. Nós, pobre contingente de boêmios e afins, não tivemos gesto algum de defesa. Covardia? Creio que não... eu diria que não tivemos nem mesmo tempo para ter medo, tal a nossa incompreensão ante o que estava ocorrendo. E vieram os cacetetes. E vieram os empurrões. E vieram os xingamentos. A vexação. ‘Quietos seus delinqüentes!’. ‘Mãos na parede!’. ‘Seus vagabundos!’. E não importava nossos gestos de resignação (pois alguns de nós, depois do primeiro susto, fizemos cara de quem sabia que tudo passaria e que ainda riríamos daquela cena. Afinal, não há boêmio que não seja um filósofo, embora o inverso possa não ser verdadeiro).
E aquilo foi num crescendo de violência; e cada vez a fúria daqueles bravos e abnegados guerreiros era maior; Safanões, empurrões, impropérios... e já temíamos que a nossa anestesia etílica não fosse suficiente para barrar um mal maior; quando um de nós, talvez num gesto desesperado, disse aquela máxima que todos sabíamos que não deveria ser dita. Não naquele momento. Uma frase como um estopim. Fogo num campo de petróleo. Suicídio. Mas fazer o que? Foi dita. Mal dita.
E nos preparamos para a morte certa. Para o total aniquilamento. Hiroshima no segundo anterior. Armageddon. Sodoma sob a fúria do criador. Pompéia borrada do mapa.
E... no entanto, estou aqui. E essa mão que escreve atesta que o final não foi o esperado. Que o policial menor falou algo ao ouvido do policial maior e esse, depois de um breve raciocinar – coisa que eu achava pouco provável sob aquele capacete de metal – deu alguma ordem fazendo com que o seu exército alexandrino batesse em retirada. Ficaram os feridos gemendo pelos cantos, entre cadeiras quebradas, copos estilhaçados e garrafas ainda denunciando o sucedido.
O que teria dito o nosso temerário salvador? Aquele que quase provocou o suicídio coletivo e nos deu a vitória inesperada nessa improvável e desigual batalha?
Que palavras poderiam ter sido tão fortes ao ponto de derrotarem tão poderosos inimigos?
Perdoem, mas depois de saber a força que elas têm, não posso repeti-las. Seriam um bom final, mas nem de perto surtiriam o efeito aquele da última cena do nosso memorável embate.
Perdoem-me caros leitores. Perdoem-me.

Fim




P. S.

Sei que alguma outra mão escreverá que o final não poderia ter sido esse. Que ao ouvir a frase, o policial menor falou algo ao policial maior e que, a partir daí, não houve mais chance de sobrevivência. Mas ponderem... se não houvesse sobreviventes, então a mão que narraria esse outro final - por certo mais lógico, mas nem por isso real – não esteve presente ao acontecido e, portanto, não seria confiável.
Digo e repito. A história anterior é a verdadeira. E se quiserem duvidar de mim ou não aceitarem meu relato, eu somente escreverei uma frase. Apenas uma (aquela que ouvi de um boêmio, certa feita):

Não me toquem, sou poeta!


Martim César

Um comentário:

  1. historias da vida real estava eu assistindo novela de saco cheio das barbaridades da novela e resolvi ir a uma roda de amigos e les consumia maconha e eu nem gosta dessa porcaria ai chegou a policia e deu uma batida eles dispensaram a droga eu que estava la so para companhia e não fumava maconha nem cigarro naquela epoca hoje so fumo cigarro e acho isso uma merda mas vai fazer o que e a vida afunal temos que ter algum vicio

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