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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar. Ernesto Guevara de la Serna

Um degrau antes do infinito

Apenas a um degrau para o infinito
A um segundo tão só da eternidade
Neruda disse ao povo:’Certo, eu fico
Não é hora de descanso ou de vaidade
Ainda que viver, enfim, seja um delito
E custa, meu irmão, ter tanta idade!’

E se não disse, meu amor, fica por dito
Qual o poeta que um dia não mentiu?
Mesmo Bukowsky, o maldito dos malditos
Estando triste, só por pirraça nos sorriu
E entre álcool e cigarro, em seus escritos
Pintou o deserto e inventou seu próprio rio.

É um andarilho de estrelas quem escreve
Um semeador de manhãs que sempre insiste
Mesmo quando por sonhar treme de febre
E esconde em um sorriso que está triste
Mas total... o dom é eterno, a vida é breve
E sem os moinhos os Quixotes não existem.

Apenas a um degrau da eternidade
Quando o barqueiro já estendia a sua mão
Pessoa disse ao mundo que a verdade
‘É que viver não é preciso, meu irmão
E um verso vale mais que a humanidade
Quando a sereia nos entoa uma canção!’

Martim César

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