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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Homenagem a um primo e a tantos que vivem na imensidão do campo, onde a solidão às vezes leva a caminhos inesperados.


A Tapera do João Posteiro

Posteiro desde mocito
Da estância da Cinacina
Nesses confins que ainda existem
Perdidos pelas coxilhas
Num fundo que era, no fundo
O que sabia do mundo
E o que herdou como sina 

Coxilhas, cerros, canhadas 
Plantados na imensidão
Que mais faltaria a um homem
Afeito à terra e galpão?
Que sempre foi mui sereno
E que tinha sonhos pequenos
E raízes firmes no chão

Cacimba à beira do rancho
De firme angico de esteio
Abrigo pras invernias
Um bom pingo, bons arreios
Um poncho-pátria pro o frio
Conhecedor do jujerio
Pra curar o mal mais feio

Parceiro do tempo largo 
Lavando a erva do mate
Num silêncio quase eterno
Igual prosa de mascate
Como então acreditar
Que sua história ia chegar
Nesse tristonho arremate?

Pois um dia acharam João
A um palmo de uma cadeira
Um “pañuelo” no pescoço
E a morte por companheira
O rancho num abandono
E um cusco velando o dono
Que pendia da cumiera

Ninguém jamais entendeu
Por que se matara o João
Senhor das lidas campeiras
E serviçal feito um peão
Ninguém podia entender...
Porque partiu sem dizer
Que morreu de solidão!!!

Martim César

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