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terça-feira, 10 de abril de 2012

Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem...




As mãos da fiandeira



As mãos da fiandeira têm segredos
Que se desvendam no galope dos seus dedos
No chão das linhas que registram esse tempo
Que o próprio tempo extraviou pelas distâncias...

Se embala nesse quadro de recuerdos
Uma vó que desfiava seus novelos
Com sua roca pedalando desde cedo
Pelas manhãs da casa grande de uma estância

Fia fiando a fiandeira recordando
Os velhos dias que a vida foi deixando
Entre essas linhas que se formam no olhar

Roda rodando vai na roca uma saudade
Que vai brotando no nascer de cada imagem
De um velho tempo que não pode mais voltar

As mãos da fiandeira tecem rumos
Nas lãs que deixam rastros nesse mundo
À luz de velas alumiando um tempo escuro
De uma era que se foi pra nunca mais

Sob essas mãos renasce a vida das taperas
Velhos rincões, lampiões, galpões... cercas de pedra
Veios de sangue no passar de tantas guerras
Para que um dia o sol, enfim, nascesse em paz!


Martim César

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