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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pegamos o telefone que o menino fez com duas caixas de papelão e pedimos uma ligação com a infância. Millôr Fernandes



 

O vão da porteira

Ainda, ás vezes, me lembro de um tempo 
( o coração um candeeiro com brasas )
Eu galopava nas asas do vento
Embora sempre em volta das casas

Tinham tropilhas de sonho meus olhos
Tinha mangueira de pedra e boiada
Eu amansava mil potros garbosos...
Eram bem mais que somente taquaras!

Lembro essa voz me dizendo: 'meu filho
Cuida... que a vida se vai mui ligeira
Depois da curva não é changa o caminho
E a infância não cruza o vão da porteira'

Por isso, ás vezes, recordo esse instante
( malgrado pouco adiantasse o conselho )
Os dias de sonho estão já tão distantes
E, enfim, o meu pai hoje habita o espelho!

Martim César

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