Barca de Caronte
Eu
sei que tu virás, numa noite qualquer
Mudar
todos meus rumos, minhas certezas vãs
E
eu estarei desperto, sonhando uma mulher
Que tenha em sua pele o aroma das manhãs
E
me dirás que sigo igual, embora tão distinto
Fazendo
da ilusão o meu caminho mais real
Por
fora mais cansado, por dentro mais instinto
Ainda,
ingenuamente, buscando o amor total
Eu
sei que tu virás... ( pois um dia tu virias! )
Caronte
em sua barca a cumprir o seu destino
E
eu – pobre poeta – ainda envolto em fantasias
Descobrirei
teu rosto, depois rirei, em desatino...
Tão
velho me esperavas, indefeso me querias
E
encontras mais um louco com alma de menino
Martim
César
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