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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Por acaso imaginaste, num delírio, que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo por alguns dos meus sonhos se haverem frustrado? Goethe (Prometeu)




Prometeu acorrentado

Então era isso...
Esse era o preço a pagar por ter desafiado
os deuses
E, como Prometeu, roubado o fogo.

Ah! Mas quão imensa e tola pretensão a minha
crer que poderia ser feliz por minhas
próprias forças.
Duvidar dos desígnios superiores...
Desafiar as divindades...
Menosprezar os que comandam os destinos
de reles, falíveis e egocêntricos mortais
como eu.

Eu que não fui tocado por Midas
(nem pela mídia)
Eu que escolhi o caminho da tênue linha
sobre o abismo
Eu que sonhei vencer com flores e poemas
o cinzento e carcereiro cotidiano.

Então era isso...
O fundo sem fundo.
Os infinitos segundos
da
queda.
Alvejado em pleno ar,
Quando pensava haver descoberto o
segredo dos pássaros migratórios.
Torpedeado até as fossas abissais,
Quando acreditava ter tirado o véu
que separa a monotonia do paraíso.

Então era isso...
Esse era o preço a ser pago.

Em círculos, aproximando-se do meu fígado,
um abutre voa
Eu... acorrentado espero...



































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