Prometeu
acorrentado
Então
era isso...
Esse
era o preço a pagar por ter desafiado
os
deuses
E,
como Prometeu, roubado o fogo.
Ah!
Mas quão imensa e tola pretensão a minha
crer
que poderia ser feliz por minhas
próprias
forças.
Duvidar
dos desígnios superiores...
Desafiar
as divindades...
Menosprezar
os que comandam os destinos
de
reles, falíveis e egocêntricos mortais
como eu.
Eu
que não fui tocado por Midas
(nem
pela mídia)
Eu
que escolhi o caminho da tênue linha
sobre o abismo
Eu
que sonhei vencer com flores e poemas
o
cinzento e carcereiro cotidiano.
Então
era isso...
O
fundo sem fundo.
Os
infinitos segundos
da
queda.
Alvejado
em pleno ar,
Quando
pensava haver descoberto o
segredo
dos pássaros migratórios.
Torpedeado
até as fossas abissais,
Quando
acreditava ter tirado o véu
que
separa a monotonia do paraíso.
Então
era isso...
Esse
era o preço a ser pago.
Em
círculos, aproximando-se do meu fígado,
um
abutre voa
Eu...
acorrentado espero...
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