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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

No rastro de algum poema, a minha vida pequena encontra, enfim, seu sentido. E assim eu zombo da morte que embora sendo mais forte me sabe ainda tão vivo. Martim César




A sombra

(para Horácio Quiroga)


A minha sombra torta singra pelo espaço
Ciente que o que faço nada mais importa
Não há outro mundo por trás dessa porta
Tudo enfim se corta ao findar meu passo

Sabe o caminho - que seguindo - eu traço
Do mortal cansaço que a alma comporta
Que o riso tênue de muito não conforta
Toda essa vida morta, pedaço por pedaço

E o que restou de mim?Um esboço me parece
Um poço sem fundo que um dia foi um rio
Um deserto hostil onde a vida não floresce

Uma chama em agonia derrotada pelo frio
Um velho retrato de um tempo que perece
Um suicida vivo caindo sempre no vazio...

Martim César


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