A sombra
(para
Horácio Quiroga)
A minha sombra torta singra pelo espaço
Ciente
que o que faço nada mais importa
Não
há outro mundo por trás dessa porta
Tudo
enfim se corta ao findar meu passo
Sabe
o caminho - que seguindo - eu traço
Do
mortal cansaço que a alma comporta
Que
o riso tênue de muito não conforta
Toda
essa vida morta, pedaço por pedaço
E
o que restou de mim?Um esboço me parece
Um
poço sem fundo que um dia foi um rio
Um
deserto hostil onde a vida não floresce
Uma
chama em agonia derrotada pelo frio
Um
velho retrato de um tempo que perece
Um
suicida vivo caindo sempre no vazio...
Martim
César
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