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quinta-feira, 29 de julho de 2010

A vida é em parte o que nós fazemos dela, e em parte o que é feito pelos amigos que nós escolhemos.Tennessee Williams

Canção para o balanço da lua

Há uma menina deitada na rede da lua...
No fio de barbante da lua crescente.

E se embala e se embala de um jeito tão inocente
Que faz do céu uma praça, da Via Láctea uma rua.

A menina, então, senta, toma impulso e balança
E, por pirraça, faz graça... é tão só uma criança!

Para trás encolhida!... Esticada para diante!...
Cada vez vai mais alto, cada vez mais à frente.

Há uma menina sentada na lua crescente
Na rede impossível de um fio de barbante.

Mas onde se agarra nesse quadro incoerente?
Nesse fio que se embala cada vez mais brilhante?

A menina me abana, toma impulso e balança
E, por pirraça, faz graça... é tão só uma criança!

Para trás encolhida!... Esticada para diante!...
Cada vez vai mais alto, cada vez mais à frente.

E eu penso que é um sonho que embala essa cena
Pois como pode um balanço agarrar-se no céu?

Ou será um Deus-artista que usando da pena
Fez da lua um balanço e do infinito um papel?

A menina então, grita, toma impulso e balança
E, por pirraça, faz graça... é tão só uma criança!

Para trás encolhida!... Esticada para diante!...
Cada vez vai mais alto, cada vez mais à frente.

E ao vê-la descubro... em um olhar, de repente!
Por que o céu é infinito, por que a lua é radiante.

E como crescer é injusto nessa vida da gente,
Quando já fomos crianças a viver cada instante.

A menina, então sonha, toma impulso e balança
E, por pirraça, faz graça... é tão só uma criança!

Para trás encolhida!... Esticada para diante!...
Cada vez vai mais alto, cada vez mais à frente.

E se espicha, e recolhe em sua mão uma estrela
E ao pegá-la sussurra: ‘mal-me-quer... bem-me-quer’

E, enfim, eu compreendo que estou vendo, ao vê-la
A menina que acena... no olhar de cada mulher!

Martim César

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