A
flor e o furto
Sentiu
a fome da mãe
Quando
no ventre crescia
Do
pai nem soube, no fundo,
Dizem
que sumiu no mundo
Justo
quando ele nascia
Cresceu
assim com duas fomes
Uma
de pão... outra de amor
Moldou-se
então à primeira
Que
por ser tão costumeira
Nem
mais lhe causava dor
Mas
um dia – de repente -
(E
por que o amor não tem hora)
Chegou-lhe
a segunda fome
Que
entra no olhar dos homens
E
assim no mais lhes devora
Estranha
fome sem boca
Que
a todos tira a razão
E
enche a alma de cores
Pedindo
à vida mil flores
Pra
saciar um coração
Faminto
pulou um muro
E
colheu flores pra ela
Sem
saber que a lei dos homens
Coloca
preços e nomes
No
que é só da primavera
Pelo
furto foi julgado
Mas
qual crime cometeu?
Talvez
por ter numa flor
Enfim
encontrado o amor
Que
antes ninguém lhe deu
Flores
não são coisas, senhores!
Que
tamanho desatino!
Se
elas, enfim, pudessem
Escolher
quem as merece
Teriam
melhor destino?
Maurício
Raupp/Martim César
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