Num velho baú sem chave
Na bússola enferrujada
De um navegante sem nave
A vida ficou trancada
Num velho baú sem chave
Há um navio prisioneiro
No porto de uma garrafa
E um relógio onde o tempo
Há muito tempo não passa
Restou somente um fantasma
Que à noite folheia livros
E de manhã se disfarça
Porque tem medo dos vivos
Que às vezes, só, se
rebela
E se nega a aceitar o adeus
Prendendo lumes e velas
Sonhando que não morreu
Uma âncora na parede
De um marinheiro sem mar
Parece morrer de sede...
Não encontra ali seu lugar
Um pergaminho entreaberto
Deixa antever-se um poema
Quem saberá o mistério
Da mão que empunhou a
pena?
Martim
César
Nenhum comentário:
Postar um comentário