Imagem: Sebastião Salgado
Um
poema escrito em sangue
Sobre
uma mesa vazia
Pode
nascer a poesia
Até
de um embrulho de pão
Mas
essa mão que a escreve
Procura
mas não consegue
Ser
algo mais que ilusão
A
vida passa depressa
E
a quase ninguém interessa
Esse
quadro tão comum
Em
meio a tantos com fome
O
simples drama de um homem
É
tão somente mais um
Mas
quando o bem perde o passo
E
essa mão – em descompasso -
Se
deixa ao sabor do mal...
Já
ninguém mais ignora
O
desenlace da história
Que
ontem se viu no jornal
É
a pantomima repetida
De
quem perdeu-se na vida
A
troco de quase nada...
Com
muito pouco de tantos
Não
mais haveria o pranto
De
tanta morte anunciada!
Por
isso está tão presente
Quem
se diz ser inocente
Por
estar sempre distante
Pois
também teve a sua parte
Na
mais insensata arte
De
um poema escrito em sangue.
Alan
Otto/Martim César
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