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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A febre sobe até 40 graus, a fama desce mais alguns degraus... Mario Barbará



Imagem: Sebastião Salgado


Um poema escrito em sangue

Sobre uma mesa vazia
Pode nascer a poesia
Até de um embrulho de pão
Mas essa mão que a escreve
Procura mas não consegue
Ser algo mais que ilusão

A vida passa depressa
E a quase ninguém interessa
Esse quadro tão comum
Em meio a tantos com fome
O simples drama de um homem
É tão somente mais um

Mas quando o bem perde o passo
E essa mão – em descompasso -
Se deixa ao sabor do mal...
Já ninguém mais ignora
O desenlace da história
Que ontem se viu no jornal

É a pantomima repetida
De quem perdeu-se na vida
A troco de quase nada...
Com muito pouco de tantos
Não mais haveria o pranto
De tanta morte anunciada!

Por isso está tão presente
Quem se diz ser inocente
Por estar sempre distante
Pois também teve a sua parte
Na mais insensata arte
De um poema escrito em sangue.

Alan Otto/Martim César

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