Por
trás dessas portas
Há
mais que silêncio por trás dessas portas
Bem
mais que fantasmas sussurrando ao vento
Cochichando
nas noites – em suas horas mortas -
Que
ainda seguem vivos, apesar do tempo
Foram
tantos romances, tantos dramas mundanos
Que
deixaram seus rastros no vão dos portais
Hoje,
enfim, apagados; são só rostos humanos
Que
no além dos retratos descansam em paz
Por
trás dessas portas habita a saudade
Que
às vezes invade o coração da gente
Mostrando
que tudo passa tão de repente
Que
somente das coisas é a eternidade
Rangendo
se abrem nas horas silentes
Até
parece que tentam despertar a cidade
Mas
depois se calam pois, talvez, pressentem
Que
por trás da madeira só restou saudade
Bem
no cimo da igreja, vigiando as casas
Um
relógio parado timbrou-se no tempo
De
nada lhe importam os dias que passam
Seus
ponteiros ficaram num outro momento
No
alto pé direito, nos entalhes gravados
Há
sinais de um passado que poucos percebem
Nas
calçadas o mundo caminha apressado...
O
futuro não espera e a vida... a vida é tão breve!
Martim
César
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