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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ano: 1947 - Local: Baixada Jaguarense (zona do Meretrício) - Personagens: Martin Aquino (matreiro Oriental) e Marca-Diabo (matreiro dos arrabaldes jaguarenses)




Por uma noite de amor!

Armou um fumo crioulo
Com papelito Canário
Botou o 'pucho' nos lábios
E enveredou rumo ao povo
Cruzou o arroio num vau
Bombeando um claro de lua
Pensando numa xirua
Para um romance casual

Apeou buscando consolo
No rancho da luz vermelha
Lá onde o padre não reza
E o menos crente se ajoelha
A sala... num lusco-fusco
Zunia feito colmeia...
'Entonces' pediu uma grapa
'Pra móde clareá as ideia'

Esse louco que vos falo
Era metido a Gardel
E se largou na Cumparsita
Ladeando um pouco o chapéu
Levando a prenda num tranco
Bem livianito e marcado
Quando escutou num relincho
Como um versito rimado...

'Me chamam de Marca-diabo
Mas eu diabo não sou
A marca eu deixo nos outros
E diabo era o meu avô'


Durou tão pouco seu sonho...
Mas ovelha não é pra mato!
Soltou a china num canto
E contestou o desacato:


'Meu nome é Martin Aquino
Não temo Deus ou diabo
Não mostre a faca, paisano
Que o rango hoje é guisado'


E o que era um dulce remanso
Se fez medonha peleia
Dois cueras cruzando adagas
Por uma china mui feia...
Essa história me contaram
E eu conto por onde eu for
Dois matreiros se mataram
Por uma noite de amor!!!!



Martim César

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