As mãos da fiandeira
As mãos da fiandeira têm segredos
Que
se desvendam no galope dos seus dedos
No
chão das linhas que registram esse tempo
Que
o próprio tempo extraviou pelas distâncias...
Se
embala nesse quadro de recuerdos
Uma
vó que desfiava seus novelos
Com
sua roca pedalando desde cedo
Pelas
manhãs da casa grande de uma estância
Fia
fiando a fiandeira recordando
Os
velhos dias que a vida foi deixando
Entre
essas linhas que se formam no olhar
Roda
rodando vai na roca uma saudade
Que
vai brotando no nascer de cada imagem
De
um velho tempo que não pode mais voltar
As
mãos da fiandeira tecem rumos
Nas
lãs que deixam rastros nesse mundo
À
luz de velas alumiando um tempo escuro
De
uma era que se foi pra nunca mais
Sob
essas mãos renasce a vida das taperas
Velhos
rincões, lampiões, galpões... cercas de pedra
Veios
de sangue no passar de tantas guerras
Para
que um dia o sol, enfim, nascesse em paz!
Martim
César
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