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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Enxada na terra alheia nunca traz dia melhor... Cenair Maicá






         Foi num desses dias...

Foi num desses dias em que tudo é cinza
Em que o céu da gente se vê mal e mal
Em que nuvens negras de repente choram
Quando em nossa alma brota um temporal...

Foi num desses dias em que varre o vento
Gotas que transpassam as frinchas dos galpões
Em que ruminamos recuerdos antigos
Em roda do fogo... batendo os tições...

Hay mucho que pensar – se dicen los paisanos
Pero entra y sale año y hay que trabajar
Hay que trabajar – me dicen mis hermanos
Y les contesto que es en vano si se hace sin pensar

Foi, talvez, cismando – por culpa do aguaceiro -
Quando as horas passam e o tempo não muda
Em que açoita a alma um desses sentimentos
Que só nos encontra... num dia de chuva!

Foi num desses dias de chuva constante
Fora e dentro d'alma, turvando as distâncias
Em que olhares tristes sonham ter um chão
Mas não vão além das cercas da estância...

Foi num dia desses que fiquei pensando
Que livre é aquele que colhe o que planta
Em searas alheias só há sonhos de barro
E quando a chuva chega tudo se desmancha

Maurício Raupp/Diego Müller/Martim César

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