www.martimcesar.com.br

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Calça curta, pés descalços, e pra defender meu pago, uma espada de alecrim. Fui o leão do Caverá, fui feliz quando fui piá, tive um mundo só pra mim. (César Passarinho)





O cheiro da terra molhada

Sentou-se a poeira na estrada
Num vermelho de sol-pôr...
Há mil céus nas poças d'água
Depois que a chuva passou

O cheiro da terra molhada
Encheu o ar das distâncias
Trazendo antigos recuerdos
Dos dias claros da infância

Na velha estância da Armada
Em tardes iguais a esta
Depois que a chuva mermava
Pra piazada era festa

E não há lembrança mais linda
E nem quem pinte esse quadro
Da gurizada correndo
Pisando sóis pelos valos

São imagens que nos chegam
Depois da chuva inclemente
E que se vão na correnteza
Mas ficam em nós... para sempre!

No ciclo eterno das águas
Que encharcam poncho e chapéu
As mesmas que vêm ao chão
São as que se vão rumo ao céu

Porém a vida da gente
É estrada de um só sentido
Que nos leva sempre em frente
Até o final... já sabido!

E o cheiro da terra molhada
Que corta o tempo e a distância
É só um recuerdo e mais nada
Dos velhos dias da infância.

Martim César

Nenhum comentário:

Postar um comentário