O cheiro
da terra molhada
Sentou-se
a poeira na estrada
Num
vermelho de sol-pôr...
Há
mil céus nas poças d'água
Depois
que a chuva passou
O
cheiro da terra molhada
Encheu
o ar das distâncias
Trazendo
antigos recuerdos
Dos
dias claros da infância
Na
velha estância da Armada
Em
tardes iguais a esta
Depois
que a chuva mermava
Pra
piazada era festa
E
não há lembrança mais linda
E
nem quem pinte esse quadro
Da
gurizada correndo
Pisando
sóis pelos valos
São
imagens que nos chegam
Depois
da chuva inclemente
E
que se vão na correnteza
Mas
ficam em nós... para sempre!
No
ciclo eterno das águas
Que
encharcam poncho e chapéu
As
mesmas que vêm ao chão
São
as que se vão rumo ao céu
Porém
a vida da gente
É
estrada de um só sentido
Que
nos leva sempre em frente
Até
o final... já sabido!
E
o cheiro da terra molhada
Que
corta o tempo e a distância
É
só um recuerdo e mais nada
Dos
velhos dias da infância.
Martim
César
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