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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Falhamos ao traduzir exatamente o que se sente na nossa alma: o pensamento continua a não poder medir-se com a linguagem. Henri Bergson




Aquário


Penso que existe um menino agora brincando,
correndo dentre tantos outros,
Chutando uma bola em direção a uma goleira improvisada. 
E isso ocorre neste exato instante em que trato 
de gastar meus olhos
trabalhando em um escritório.
 
Penso que é inevitável que isso ocorra.
Algo assim como causa e efeito:
o menino corre, logo eu trabalho.
Ou o inverso (que vem a dar no mesmo):
eu trabalho, logo o menino corre.
Mas também penso que – de certa forma – 
eu sou aquele menino que enxergo
através da janela do escritório.
Infelizmente - para ambos - 
ele também é este adulto que
(enquanto olha a rua, de soslaio, pela vidraça)
trata de carimbar mais um documento.

Tchumck! Carimbado. 
 
Mais um... igual a todos os documentos de todos os dias.

(desses dias vividos - desde há muito -
deste lado da janela).






Martim César


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