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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Milonga de pelo largo y ojos oscuros como la noche... Dino


Noturna flor do meu pago

Milonga pura pra emborrachar-me nesta noite
Na seiva escura que me arde feito açoite
Bebida estranha que de sonhos me embriaga
Quanto mais bebo mais se abrem minhas chagas

No absinto do teu copo há um outro mundo
Nesse teu leito se esconde um rio profundo
Estranha lava que nos queima em melodias
Que vão brotando nos desvãos da poesia...


Milonga escura que escorre por meu sangue
Rito ancestral que a cada gole eu benzo e trago
Forjaste um povo desde o Prata até o Rio Grande
Canção do vento embalando a voz do pago

Milonga negra, índia, branca em mestiçagem
Cerne do Pampa, desde a copa até a raiz
Quando te entoo afirmo a minha identidade
Em teus acordes canta o sul do meu país


Milonga escura feito a noite que vivemos
Neste hemisfério de condores obscenos
Palavra livre nas gargantas dos cantores
Tuas guitarras não têm marcas nem senhores

Caminho largo onde habita luz e sombra
Com seus fantasmas tresnoitando velhas rondas
Caudal de som que leva o som de cada verso
Para cantar nosso lugar neste universo...



Martim César

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