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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Retinas vagas que assomam da janela de outro mundo...


Olhar vago de mulher num quadro antigo

No olhar distante, a memória de um tempo que passou
Vida que ficou entre a moldura do retrato, eternizada
Retinas vagas que se assomam da janela de outro mundo
Imagem que diz tanto e, no entanto, para tantos não diz nada

A história de um romance que morreu sem ter nascido
Tempo esquecido em que o charque comandava este lugar
A moça a sonhar, no seu balcão, com seu poeta preferido
E ele – moço – ainda iludido com o poder do verbo amar

Na casa grande, naquela noite de verão, houve uma festa
Onde uma orquestra embalava a leveza de alguns pares
E de repente o amor – que não conhece leis ou regras -
Revelou-se nessa entrega que só percebem dois olhares

Porém a distância invisível que separa os sobrenomes
Obra dos homens por se crerem mais acima dos demais
Fez com que a moça não pudesse escolher o seu destino 
E o amor menino se perdeu, num adeus de nunca mais

Hoje quem olha essas paredes onde o passado ainda resiste
Sente que existe algum segredo que em seu peito pede abrigo
E não compreende o porquê de, sem querer, saber-se triste
Ao ver-se preso no olhar vago de mulher num quadro antigo

Martim César


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