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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Além da curva há outra curva...



Caminho sem volta

Quando ele partiu do seu lugarejo,
Tinha o grande sonho de vencer na vida...
Levava a esperança nos braços de moço,
Deixava o seu mundo nessa despedida.

Levava nos bolsos, além de uns trocados,
O rosto da amada na fotografia...
Deixava um adeus num beijo salgado
E a jura sagrada de que voltaria.

Mas na grande cidade a vida é difícil...
Não sorri a fortuna para qualquer um!
O dinheiro acaba, não há onde morar,
Restam as favelas ou lugar nenhum.

Conheceu o inferno mas sobreviveu,
Pois quem é esperto sempre se dá bem...
Conhecido no morro, temido no asfalto,
Numa arma o poder e, enfim, era alguém!

Pensava em voltar mas não era tão fácil,
Quem joga esse jogo não sai sem perder!
E o caminho de volta se fez tão distante,
O destino jogava as suas cartas também...

Quando a polícia estourou o seu ponto,
Houve algumas mortes, coisa tão normal...
Morreu um traficante que era só um menino,
Tão jovem ainda e já um marginal!

Tornou-se famoso como sempre quis.
Seu rosto estampado em todos os jornais...
Até mesmo no diário do seu lugarejo,
Quem viveu na guerra hoje dorme em paz!

Quase ninguém viu no calor da tragédia
Que ao lado do corpo uma passagem havia
E, junto a ela, sorrindo, um rosto de menina
Manchado de sangue na fotografia!!!




Martim César

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